Homens ganham mais que mulheres no vôlei. E isso foi assunto de vestiário
O fim da Liga Mundial e do Grand Prix tiveram imagens emblemáticas. Os melhores jogadores das duas competições posaram ao lado de Ary Graça, presidente da Federação Internacional de Vôlei (Fivb). Em suas mãos, os cheques com a premiação deles. O detalhe: a diferença de valores.
Na Tailândia, a brasileira Natalia foi quem ficou com o prêmio de melhor jogadora do Grand Prix. Com isso, ela ganhou US$ 15 mil (R$ 48 mil). Marko Ivovic, da Sérvia, melhor da Liga Mundial, ganhou o dobro, US$ 30 mil (R$ 97 mil).
(Esta reportagem faz parte do Especial #QueroTreinarEmPaz. Quando decide praticar esporte quase toda mulher enfrenta uma série de dificuldades que não deveriam existir. Dificuldades que homens não enfrentam. Se você, só porque é menina, já teve problema para praticar esporte, conte sua história nas redes sociais usando a hashtag #QueroTreinarEmPaz)
“Não sei porque acontece, li algumas coisas falando que rende mais quando masculino joga. Independente se rende mais ou menos, deveria ser igualado. A gente ficou uma vez falando no vestiário ‘é muito machismo, muito machismo. Machismo do mundo, machismo de tudo, onde imagina tem o machismo’”, falou Dani Lins ao UOL Esporte.
“É ruim para a gente, Grand Prix não deixa de ser tão importante quanto a Liga Mundial, é mesmo estresse, mesmo tanto de jogos, mesmo esforços que estão fazendo ali. Deveria ser gratificado igualzinho em valores. Esse ano foi até triste porque foi menos que ano passado. Então, falei gente vamos tentar. Foi o que a Fabi falou. Está querendo mudar, mas pode ser tarde demais quando mudar. Muita gente não vai estar mais na seleção, é muito triste saber que feminino não é tão valorizado quanto o masculino”, completou a atleta.
Tandara, que esteve com a seleção no Grand Prix e foi cortada da Olimpíada, compartilhou da opinião de Dani Lins.
“É muito difícil porque é uma modalidade tão vitoriosa quanto masculino, feminino é igual. Acho isso supererrado. Tinha de ser direitos iguais. Não é porque é masculino ou feminino. Acho que tem de ser a mesma coisa. A discrepância é muito grande, acho que tem de ser valorizado como o masculino”, afirmou.
Essa foi apenas uma das diferenças de premiação entre homens e mulheres na competição. A campeã Sérvia ganhou US$ 1 milhão (R$ 3,26 milhões) na Liga Mundial contra apenas US$ 200 mil (R$ 651 mil) do Brasil no Grand Prix. Para ter noção, o time de Bernardinho, vice-campeão, faturou US$ 500 mil (R$ 1,6 milhão).