Olimpíadas 2016

Comitê da Olimpíada pede dinheiro e reforço de energia para Petrobras

Taís Vilela/UOL
Comitê Organizador da Rio-2016, presidido por Carlos Arthur Nuzman, solicitou à Petrobrás nove milhões de litros de diesel imagem: Taís Vilela/UOL

Lúcio de Castro

Colaboração para o UOL, do Rio de Janeiro

Um pedido de socorro feito a 20 dias do início das Olimpíadas ilumina um assunto que pode se tornar problema durante as competições: a falta de energia. No último dia 15, representantes do Comitê Rio 2016 (CoRio) estiveram na Petrobras e solicitaram nove milhões de litros de diesel, com a alegação de que necessitavam reforço para os geradores.

Em outra reunião, três dias antes, no dia 12 de julho, o CoRio já havia passado o chapéu na estatal, com um pedido de verba do considerado nível 2 de patrocínio da empresa, ou seja, entre R$ 50 e 150 milhões. A verba seria para amenizar o pouco comentado déficit que o comitê acumula, entre R$ 400 e 500 milhões. Assim, o CoRio tenta tapar o buraco enquanto ainda tem o ativo dos Jogos para oferecer.

O pedido extra de combustível para geradores parecia prever alguns dos problemas que foram encontrados no domingo, no dia de abertura da vila olímpica, quando, entre outros tantos revezes, foram constatadas falhas na energia. E se descobriu que o local não foi testado com todos os apartamentos em funcionamento.

Em um momento em que a Petrobras corta custos na produção, em meio a uma crise econômica sem precedentes na estatal, o pedido de verba de tal valor em cima da hora gerou controvérsia nos corredores da empresa e foi rechaçado. O amparo viria numa hora de cortes de pessoal e um discurso de sacrifícios. Provavelmente a Petrobras irá acertar alguma verba concedida ao comitê, mas, como foi publicado pela agência Reuters esta semana, algo em torno de R$ 15 milhões.

Tecnicamente, a verba não viria como patrocínio mas como compra do direito de imagem dos atletas que já são patrocinados pela estatal durante os Jogos. Durante os dias das Olimpíadas, esse direito de imagem é restrito aos patrocinadores do Comitê Olímpico Internacional (COI) ou da competição. Placas de publicidade ou banners também poderiam estar na troca com a ajuda.

O pedido de reforço para o combustível se deu também depois que o COI, conforme noticiado há duas semanas, pediu reforço nos circuitos elétricos de algumas arenas, bem como o aumento da capacidade de carga, após quedas de energia em eventos-testes no Centro Olímpico de Esportes Aquáticos e na Arena Olímpica.

No mês de abril, alguns eventos para teste sofreram com queda de energia. O classificatório feminino do trampolim foi interrompida por 15 minutos devido a uma sobrecarga na rede elétrica. Depois, outra queda de energia atrasou em 50 minutos as finais por aparelhos da ginástica artística. A programação dos primeiros treinos de pódio também foi afetada, e a seleção feminina chegou a treinar a prova de solo sem música devido a uma falha no sistema de som.

A licitação para fornecimento de combustível do CoRio foi vencida pela Petróleo Ipiranga. Assim, o pedido para a Petrobras seria algo além do antes calculado.

Procurada pela reportagem, a Petrobras confirmou as reuniões e as negociações com curto comunicado. Após a reportagem ser publicada, a Petrobras ratificou que não vai ajudar o comitê. "A Petrobras recebeu proposta de patrocínio aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e, após negociações, comunicou ao Comitê Organizador que não será possível apoiar o evento", disse o informe enviado pela assessoria de imprensa nesta sexta-feira, 29. 

Já o CoRio, insistentemente procurado através da assessoria de imprensa para responder as questões sobre o déficit da entidade, sobre o patrocínio e sobre o pedido de diesel, não respondeu.

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