Por que óculos futuristas são armas da natação do Brasil na Rio-2016
Um par de óculos que emite uma luz verde e mais parece saído de filme de ficção científica. O acessório que os nadadores brasileiros da Rio-2016 vem usando antes de cair na piscina pode até garantir aquele estilo nas competições, mas tem, na verdade, uma função fisiológica: preparar o organismo dos atletas para as competições noturnas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. No evento, as provas de natação ocorrerão entre as 22h e a 1h, horário que gerou controvérsias quando foi anunciado.
Produzido na Austrália e nos Estados Unidos, o Re-timer, nome comercial do aparelho, foi desenvolvido originalmente para combater distúrbios e regular o sono, e é normalmente utilizado por profissionais que costumam trocar os horários de dormir - como mineiros, motoristas de carga e pilotos de avião. Pela primeira vez, no entanto, ele será usado para melhorar o desempenho esportivo. Foram importadas 31 peças dos óculos, ao custo aproximado de US$ 300 cada.
Desde a última quarta-feira, os nadadores brasileiros têm usado o equipamento. Eles a usam por 30 minutos, a partir das 19h - ou seja, três horas antes de caírem na piscina no Rio. A novidade foi trazida pelo fisiologista Marco Túlio de Mello, que, além da natação, também atende as equipes brasileiras de handebol. Os jogadores também usarão o óculos, mas com a proposta diferente: fazer com que o corpo deles "desperte" mais cedo. As partidas serão realizdas a partir das 9h30.
"A ideia dos óculos é retardar a queda de temperatura do corpo do atleta, que tem hábitos de sono diferentes", comenta o médico.
O equipamento é só um dos artifícios usados no programa do fisiologista. Os atletas têm acordado e dormido três horas mais tarde do que o habitual. Logo depois de saírem da piscina, eles ainda deixam o local usando óculos escuros comuns - segundo o fisiologista, para que o corpo receba a mensagem que é hora de dormir.
Assim que saem da piscina após o treino, os nadadores usam uma espécie de luva térmica regulada a 3 graus - o objetivo é diminuir em 1 grau a temperatura corporal do atleta, para que organismo desaqueça e, assim, descanse.
Mello diz que os nadadores estão se adaptando bem às tecnologias e que não há registros de efeitos colaterais. "Não me comunicaram nenhum tipo de incômodo", declarou.