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"Já é um constrangimento", diz deputado carioca sobre Baía de Guanabara

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Velejadores portugueses flagraram TV boiando na Baía de Guanabara imagem: Reprodução/Facebook

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro se comprometeu a tratar ao menos 80% do esgoto na Baía de Guanabara para receber os Jogos Olímpicos deste ano, mas mal passou dos 50%. Sede das competições de vela, o espaço situado no coração da cidade acabou virando também um dos principais exemplos dos problemas que o local enfrentou para receber o megaevento esportivo. E isso virou debate até na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), que apresentou nesta quarta-feira (27) um relatório de 250 páginas sobre o ecossistema e teve uma sessão exclusivamente focada na discussão sobre o tema.

“O risco de alguma prova olímpica ter um lixo flutuante que se choque com uma embarcação e defina o resultado já é uma situação de constrangimento. É uma propaganda negativa do Brasil que está acontecendo, independentemente de isso acontecer de fato. Se acontecer, seremos manchetes negativas em todo o mundo”, admitiu o deputado estadual Flavio Serafini (PSOL), presidente da comissão especial da Baía de Guanabara.

Constituído no ano passado, o grupo de trabalho teve nove audiências públicas e falou com pelo menos 80 pessoas para elaborar o relatório apresentado nesta quarta. O documento tem 63 recomendações e nove projetos de lei relacionados ao ecossistema, e agora demandará trabalho interno para que essas ideias sejam levadas adiante. Já existe um pedido de ação civil pública no Ministério Público para vetar que novas empresas se estabeleçam na região até que seja feito um estudo completo do ecossistema.

“O impacto que a Olimpíada trouxe foi dar visibilidade, e por isso nos permitir tratar do problema. Segundo, fez com que o governo acelerasse algumas obras de saneamento. Esse era um dos legados mais importantes, um dos poucos da competência do governo do Estado, e infelizmente ele descumpriu”, adicionou Serafini.

Ainda não há cronograma para que o relatório apresentado pelos deputados nesta quarta-feira tenha encaminhamento entre os deputados cariocas. Na última terça (26), o coordenador-técnico da bela do Brasil, Torben Grael, disse que “a arena foi entregue cheia de lixo” e reclamou da estrutura oferecida aos atletas para a modalidade na Rio-2016.

“Eles falharam no que se propunham. O PDBG foi mal planejado e mal executado. Fez grandes estações de tratamento sem linha de coleta de esgoto. Cerca de 50% das linhas de coleta foram feitas, mas as estações foram feitas na íntegra. É um exemplo claro de dinheiro público desperdiçado e mal gasto. Depois eles tentaram estabelecer obras muito rápidas para corrigir erros antigos, sem análise mais clara do que já havia sido feito, e acabaram incorrendo em erros típicos da execução de obras do Brasil. Você ter menos de 50% da população com coleta de esgoto é ter metade da população suscetível a diarreia e doenças ainda do século 19”, ponderou o presidente da comissão responsável pelo estudo da Baía.

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