Olimpíadas 2016

Esgrimista negou capa da Playboy antes de veto do Exército

Saulo Cruz/Exemplus/COB
Amanda Simeão representará o Brasil no Rio de Janeiro imagem: Saulo Cruz/Exemplus/COB

Leandro Carneiro

Do UOL, em Saquarema (RJ)

Amanda Simeão, atleta brasileira da esgrima nos Jogos do Rio de Janeiro, era para ter sido a "musa da Olimpíada" na revista Playboy. Ela e a publicação chegaram a negociar um ensaio (até uma capa foi cogitada), mas as tratativas esbarraram numa condição da esgrimista. Ela é militar, mais precisamente, sargenta do Exército. A atleta revelou que não chegou a ser proibida de fazer o ensaio, mas foi alertada de que isso feria os princípios dos militares.

"Eu conversei com meu comandante e ele disse que o Exército tem alguns critérios. Seria como chegasse agora a Brahma e pedisse para tirar uma foto em véspera de Olimpíada bebendo cerveja, não combinaria. Não quer dizer que o atleta não beba uma cerveja. Questão são os princípios e eu concordo com isso. Falaram: 'Amanda, nos nossos critérios não encaixa posar nua, fazer poses sensuais'. Não me falaram que não pode, dentro dos critérios, quando assinei o contrato, tem uns critérios. Momento algum, eles falaram: 'que você tá louca, não pode fazer'. Foram superatenciosos. Até chegar no superior e mostrar que existe critério que não pode. Para não ter esse conflito, achei melhor não fazer. Amo fazer parte do exército, meu maior apoiador, não só parte financeira. Tudo que falam combina perfeitamente, se encaixa perfeitamente", afirmou.

A Playboy confirmou a negociação com Amanda e revelou que ainda mantém a intenção de ter material olímpico na edição de agosto da revista, inclusive um ensaio. Mas, segundo a publicação, a capa não terá uma atleta.

Procurado para comentar o assunto, o Exército apenas disse que Amanda "informou ao seu Comandante do referido convite e que declinou do mesmo".

Como foi a negociação: "Capa da Playboy, não"

O interesse da Playboy em contar com o ensaio de Amanda começou com um amigo em comum entre a atleta e André Sanseverino, empresário responsável pela revista. Ele que foi falar sobre a esgrimista e houve interesse da publicação.

"Falei: 'gente, não, ser capa da Playboy, fiquei assustada e tal, e meio que rejeitei'. Só que dono da revista falou que era importante para carreira, como seria legal, tinha potencial de expor o esporte. Enfim, falei olha para posar não estou pronta, sem saber a posição do Exército, já tinha meio que falado não", falou.

Depois da insistência e algumas adaptações no convite, Amanda repassou o assunto para os cuidados de sua mãe. E a partir daí, as partes chegaram a um consenso.

"Como não queria perder foco (na Olimpíada), coloquei em contato com minha mãe e eles ficaram conversando. Chegaram a um acordo bem bacana. Ia posar para Playboy, em uma revista que só ia sair dia 28 de agosto, depois da Olimpíada, não seria a guria que posou para Playboy durante os Jogos. No trato, eu não ia posar completamente nua, não ia parecer meu peito, meu mamilo, ia ser algo bem sossegado, nada da minha bunda, parte de baixo, nada ia aparecer, tudo ia cobrir, minha mão, máscara, espada, para divulgar o esporte. Neste aspecto, eu topei", completou.

Parte financeira: não era grande coisa

Amanda admitiu que não ganharia muito dinheiro para fazer o ensaio. Segundo ela, o objetivo era divulgar o esporte mesmo.

"Se posasse para capa, ia ter sim [boa remuneração]. Como era segundo ensaio, não era coisa significativa, ia ser quase nada, não ia posar por dinheiro, não tinha considerado isso. Se quiser ganhar dinheiro, tem de ser na capa. Não tenho interesse, era mais para divulgar esporte, a minha imagem. Ia sair como título de musa da Olimpíada. Não ia ser simplesmente uma foto. Gostei da questão da Playboy, iam fazer matéria superbacana, falando da minha carreira,  em uma academia de esgrima. Não só uma fotinho, uma foto bem trabalhada, mostrando quem eu sou. Falando sobre a vida", revelou.

Possível ensaio no futuro

Como a carreira no Exército tem um limite de oito anos, Amanda, que tem apenas 22 anos, deixa a porta aberta para fazer um ensaio sensual no futuro.

"Com certeza, não poderia ser militar para o resto da vida, só 8 anos, depois encerra. Não sou nenhuma campeã olímpica, não sou ainda conhecida, quem sabe mais para frente, mas hoje em dia, o meu principal objetivo é competir bem, representar patrocinadores, exército com seus critérios", afirmou.

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