De vazamento de gás a novela, os problemas da Vila segundo estrangeiros
Vila Olímpica. O lugar que deveria ser a Disneylândia dos atletas olímpicos virou o centro da polêmica dos Jogos do Rio de Janeiro. Desde domingo, quando a Austrália decretou o local inabitável, uma série de reclamações começou a aparecer. Algumas mais sérias, como um incêndio causado por curto-circuito em ambientes em que cheiro de gás foi notado. Outras verdadeiras brincadeiras, como a ausência de TVs nos quartos para assistir as novelas da Globo.
Problemas elétricos
Entregue pela construtora Odebrecht há um mês, a Vila Olímpica recebeu as delegações apresentando problema. O maior deles era elétrico. Ao finalizar uma instalação, um profissional brasileiro causou um curto-circuito seguido de um incêndio leve. Ele mesmo controlou as chamas. Foi um incidente menor, mas poderia ser muito mais grave.
A delegação da Austrália, a mais crítica ao estado da instalação, relatou cheiro forte de gás ao entrar em alguns apartamentos. Por sorte, não foram confirmados vazamentos. Mas também foram alvo de reclamações fiação exposta. Um atleta russo, por exemplo, postou em sua conta no Facebook fotos de uma caixa elétrica (as que recebem tomadas e interruptores) aberta, mas bloqueada pelos tubos de instalação.
Potencialmente menos perigosos, mas tão incômodos quanto, a Vila teve uma série de reclamações em relação a encanamento. Primeiro foram os vasos sanitários entupidos. Quem passa em frente ao restaurante McDonalds na Zona Internacional da Vila vê uma mensagem de um atleta queniano: “Por favor, conserte meu vaso. Amei o lugar”. Já um russo, o mesmo da caixa elétrica, mostrou um sifão de pia envolto em um saco plástico, em sinal de vazamento. Não foram os únicos.
Os australianos disseram que, ao fazer um teste de stress de todos os sistemas, viram uma série de vazamentos e transbordamentos. Essa verificação consiste em abrir torneiras, ligar chuveiros e dar descarga, tudo ao mesmo tempo. Segundo os australianos, água vazou do teto, vasos transbordaram. A delegação de Belarus também sofreu, mas com boxes de chuveiro alagados – os ralos não escoaram a água.
Outro problema foi com água quente. Portugal falou nisso. A Suécia também. A Argentina, que nem mesmo tomou posse dos cinco andares que terá em um dos prédios da Vila, disse que parte das suas habitações só tinha água fria – além de problemas já relatados, como fiação exposta e vazamentos.
Pisos, limpeza e outros problemas
A sujeira também tirou o sono do Comitê Organizador. Muita gente reclamou do estado em que encontrou os apartamentos, não só com poeira da construção, mas com sujeira da obra que não foi limpa. Novamente os australianos lideraram as críticas, seguidos de argentinos.
Mas delegações que não reclamaram oficialmente, como Holanda, Itália e EUA, admitiram ter contratado pessoal local para fazer ajustes. A reportagem do UOL Esporte viu membros da delegação holandesa entrando na Vila com produtos de limpeza pesada.
Também ocorreram furtos. A própria prefeita da Vila, a medalhista olímpica do basquete Janeth, falou nisso. Assentos sanitários e lâmpadas, por exemplo, desapareceram. O incidente foi lamentado, mas considerado comum na finalização de obras no Brasil.
Sem contar alguns apartamentos que não foram organizados. Aquele mesmo russo do Facebook mostrou um criado-mudo com gavetas invertidas. Já os bielo-russos tiraram foto de uma cama mal arrumada.
Falta de novela
Até novela foi alvo de protesto. Ou melhor: de brincadeira. Em uma conversa informal com os jornalistas, alguns atletas de Angola lamentaram o fato de não ter TV nos quartos da Vila. O motivo? Queriam assistir as novelas da Globo...