Olimpíadas 2016

Militância trans convenceu cartunista Laerte a conduzir tocha em São Paulo

Ricardo Nogueira/Folhapress
Laerte e Tiago Leifert participam do passeio com a tocha olímpica em São Paulo imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

Quando foi convidada a conduzir a tocha olímpica em São Paulo, a cartunista Laerte primeiro pensou em recusar, mas depois resolveu aceitar o convite em nome de sua militância pelos direitos das pessoas transexuais. A cartunista carregou a chama no final da tarde deste domingo na avenida Sumaré, zona oeste da capital paulista.

"Muitos amigos me pediram para apagar a tocha", afirmou a cartunista em conversa com a reportagem após o evento. "Mas eu acho que para a Olimpíada vale a festa. Não sou muito de ficar gritando fora isso, fora aquilo. Sou mais dizer o que tem que ser 'dentro'", disse ela.
 
Laerte, de 65 anos, cogitou um boicote à festa, mas voltou atrás depois que o comitê olímpico internacional passou a aceitar que atletas transexuais competissem em igualdade de condições com pessoas cis.
 
Convidada pelo comitê olímpico brasileiro, ela não se furtou de fazer críticas ao modo como se tem organizado os Jogos do Rio, principalmente a questão das remoções forçadas feitas na cidade por conta de obras olímpicas. "O que é errada são essas remoções, o tanto de gente que tem ficado sem casa, o desvio de dinheiro para construir obras sem qualidade, como o caso daquela ciclovia que desabou. Mas a Olimpíada em si, a realização dos Jogos no país, não sou contra."
 
Enquanto conversava com o UOL Esporte em uma calçada da avenida Sumaré, Laerte foi abordada por várias pessoas que pediam fotos. Um rapaz emocionado chegou a tocar em seu braço e agradecer "por tudo o que você está fazendo por nós" e um estrangeiro se aproximou dizendo em espanhol: "Parabéns, você esta dando um 'chute no saco' da hipocrisia".
 
Cartunista reconhecido por trabalhos publicados na imprensa paulista, Laerte passou há alguns anos por um processo de transformação e assumiu o gênero feminino. Para carregar a tocha, ela foi acompanhada por sua filha.
 
A cartunista entregou a chama para a apresentadora Sabrina Sato. Depois, a tocha seguiu ao sambódromo do Anhembi, onde encerra seu revezamento pela cidade de São Paulo.
 

Topo