Quem é o professor de árabe de Guarulhos preso por terrorismo?
Vitor Barbosa Magalhães, o Vitor Abdullah, jovem da periferia de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, foi preso preventivamente nesta quinta-feira (21) sob a suspeita de estar envolvido com ações terroristas. Casado, com 2 filhos, segundo seus familiares, Vitor se converteu muçulmano por não se identificar na religião dos pais. Estudioso, gosta de aprender idiomas e cursava licenciatura em língua portuguesa e inglesa em uma universidade da cidade. Mas fala árabe e estuda russo.
Tem vida social intensa, tocava e cantava em uma banda, muitos amigos e fama de brincalhão. Vitor dava aulas de árabe no Youtube e, por ter ganho uma bolsa de estudos no Egito, apareceu em foto com outros estudantes ao lado de uma bandeira com inscrições atribuídas ao Estados Islâmico, um dos fatores que chamou a atenção dos investigadores.
Além do jovem, outras 10 pessoas foram consideradas suspeitas na operação (nove estão presas e uma apreendida, já que há um menor) e seus perfis são bem adversos e diferentes de Vitor, entre eles mecânicos, engenheiros e até conhecidos da Justiça. Um dos detidos na operação chegou a ser preso por homicídio e roubo, e até tentou fugir da prisão.
Outros já tinham uma postura mais ofensiva na internet. Zaid Mohammad Abdul-Rahman Duarte, que trocou seu nome, havia nascido Marcos Mário Duarte, em São Luis (MA), era conhecido como Zaid Duarte e mantinha um blog chamado Islã Maranhão e um canal no Youtube que chamava a atenção pelas mensagens de ódio e apoio as ações de grupos extremistas —mais que o suficiente para ser enquadrado pela lei antiterror. Em seu Facebook, Zaid tinha fotos posando com armas de paintball, um jogo que simula batalhas de guerra.
Outro preso na Operação Hashtag foi Mohamad Mounir Zakaria, empresário que controla confecções no popular bairro do Brás. A ligação com estrangeiros muçulmanos nas redes sociais e seu potencial poder econômico despertaram a atenção dos investigadores por Mohamad. A região em que ele vivia em São Paulo tem um grande número de muçulmanos e já foi palco de outras operações da Polícia Federal. No passado na falta de uma legislação que permitisse enquadrar os investigados por crime de terrorismo, eram indiciados por outros crimes encontrados na investigação, como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsificação de documentos.
Segundo a Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal, o monitoramento da divulgação e trocas de mensagens dos suspeitos nas redes sociais com demonstrações de apoio ao Estado Islâmico ou atos de terror resultaram em suas prisões, amparadas pela recém-promulgada lei antiterrorismo, e que neste 21 de julho teve os primeiros cidadãos brasileiros presos preventivamente em função de seu vigor.