Olimpíadas 2016

Fla entrega Gávea ao Comitê dos EUA, que monta plano secreto antiterrorismo

Divulgação/Flamengo
Plano da Gávea terá bloqueios na sede (barreiras em vermelho) e área exclusiva para os Estados Unidos (em roxo) imagem: Divulgação/Flamengo

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

A Gávea deixará de ser rubro-negra nos próximos dias. Ao menos parcialmente. A partir do próximo domingo (24), a sede do Flamengo será a base para treinamento de atletas norte-americanos de 13 modalidades dos Jogos Olímpicos Rio-2016. Representantes do badminton, basquete, ginástica, judô, pentatlo moderno, remo, rúgbi, futebol, natação (mar aberto), halterofilismo, tênis de mesa, triatlo e vôlei de praia terão o local como casa até o final da competição.

Boa parte do clube estará completamente entregue ao Comitê Olímpico dos Estados Unidos (Usoc). No esquema montado pelos norte-americanos, e aprovado pela diretoria do Flamengo, nem mesmo os funcionários do rubro-negro terão acesso às instalações cedidas ao comitê estrangeiro. E isso não se explica apenas por uma questão de privacidade, mas sim por conta da preocupação excessiva dos Estados Unidos com a segurança dos membros de sua delegação.

Em conversas com algumas pessoas que participaram do planejamento para o período, a impressão geral era a mesma para todos: os norte-americanos estão mais preocupados com a segurança do que com os treinos e instalações em si. São mais de 12 meses de organização observando os mínimos detalhes.

Gilvan de Souza/Flamengo
Recém-reformado, ginásio Cláudio Coutinho receberá ginastas americanas imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

No fim, o plano geral é mantido sob sigilo e nem sequer informado na totalidade aos rubro-negros. Uma palavra, no entanto, é falada abertamente nas conversas por segurança: terrorismo. O assunto assusta os norte-americanos, que montarão uma verdadeira "operação de guerra" nos arredores do clube, localizado na zona sul do Rio de Janeiro.

Além de agentes à paisana espalhados pela Gávea, outros membros da equipe especializada de segurança dos Estados Unidos estarão pelas ruas e prédios próximos à sede. O esquema se assemelha ao montado em março de 2011, quando a então presidente do Flamengo, Patricia Amorim, recebeu Barack Obama no campo da Gávea. Na época, atiradores de elite estavam espalhados nas lajes próximas ao clube.

"Apesar destas mudanças e limitações, os horários de funcionamento do clube permanecem os mesmos, com a secretaria, ouvidoria e tesouraria funcionando em horários normais. Os associados do Flamengo também não ficarão sem os serviços usuais que a Gávea oferece, podendo continuar a utilizar a sauna, a piscina social e a infantil, o campo de futebol society, assim como outras dependências que continuarão funcionando normalmente", explicou o diretor do Fla-Gávea, Miguel Fernandez.

Os norte-americanos ainda terão bases de treinamento na Escola Naval (atletas de vela, atletismo, vôlei e polo aquático) e no Espaço Lonier (servirá de hospedagem para técnicos e equipes de apoio, além de treinos de tiro com arco, esgrima, taekwondo e luta olímpica), sítio localizado na Zona Oeste, próximo ao Parque Olímpico. A segurança também será reforçada nos locais, com equipe própria e patrulhamento 24 horas por dia.

Além do comitê norte-americano, a Gávea receberá parte da delegação britânica. Serão atletas de quatro modalidades: triatlo, remo, maratona aquática e canoagem. Além de um contingente menor, o sistema de segurança também será reduzido.

A Gávea ainda será a casa da empresa internacional Ernst Young. Executivos e convidados da famosa entidade de auditoria circularão pelo prédio principal da sede rubro-negra no período olímpico.

“O Flamengo se orgulha muito de ter sido escolhido para ser a casa dessas equipes. O Flamengo também se beneficiará com o fato de que estas delegações vão deixar um legado para o clube e para os associados rubro-negros, que frequentam a Gávea diariamente. Nossas instalações foram renovadas, assim como grande parte dos aparelhos que são fundamentais para o treino de nossos atletas”, contou o diretor executivo de esportes olímpicos do Rubro-negro, Marcelo Vido.

Gilvan de Souza/Flamengo
Ginásio Togo Soares receberá preparação do vôlei dos Estados Unidos imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

Topo