Clínica para atletas da Rio-2016 terá estrutura para diagnóstico de zika
Guilherme CostaDo UOL, no Rio de Janeiro
O comitê organizador dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro, apresentou nesta sexta-feira (22) a policlínica, espaço para tratamento médico de atletas na Vila Olímpica da Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. O equipamento tem 3,5 mil metros quadrados e vai começar a operar no próximo domingo (24), data da entrada das primeiras delegações no centro de acomodação, com expectativa de realizar até mil atendimentos. A estrutura inclui capacidade para diagnóstico de doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, como o zika vírus.
“É um tema para nós. Temos condição de fazer diagnóstico de zika aqui. Temos toda a capacidade”, disse João Grangeiro, diretor médico do comitê organizador, em entrevista ao UOL Esporte.
Os quatro melhores golfistas masculinos da atualidade desistiram de participar da Rio-2016 e alegaram oficialmente que tomaram essa decisão por medo de zika vírus. O Brasil registrou um aumento contundente de casos de pessoas infectadas entre o fim de 2015 e o início deste ano, e esse incremento de incidência tornou o tema especialmente relevante na mídia internacional.
Localmente, a despeito de a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) ter emitido resolução determinando inclusão de testes para zika vírus em todos os planos de saúde, a detecção da doença sempre foi um grande problema. O diagnóstico pode ser feito via teste molecular ou sorológico, mas os procedimentos são caros e de difícil acesso. No início deste mês, por exemplo, Antônio Bandeira, médico infectologista de Salvador que foi responsável pelos primeiros diagnósticos de zika na região de Camaçari, reclamou em entrevista à TV Brasil que ainda é rara a disponibilidade dos exames na rede pública. O diretor de vigilância sanitária e saúde do Piauí, Herlon Guimarães, havia feito críticas similares no começo do ano, em conversa com a TV Globo.
Com a falta de capacidade de testes, o diagnóstico de zika vírus no Brasil passou a ser mais comumente baseado apenas em análise de sintomas.
A policlínica da Vila Olímpica também conta com uma farmácia, um pronto-socorro com capacidade para até 60 atendimentos simultâneos, oito consultórios dentários, três de oftalmologia, oito piscinas de crioterapia e toda estrutura necessária para exames de imagem.
“A gente está absolutamente capacitado, tanto em questões de equipamentos quanto espaço e pessoal, para fazer face à mesma demanda que houve em Jogos anteriores. Disso eu não tenho a menor dúvida”, declarou Grangeiro, que participa das Olimpíadas pela décima vez.
A estrutura da policlínica servirá apenas aos atletas – e não apenas aos que estiverem hospedados na Vila Olímpica. O corpo médico do equipamento tem profissionais contratados, mas a maioria é formada por voluntários.