Olimpíadas 2016

Exclusão da Rússia atrapalha planos do Brasil para Rio-2016, diz COB

Alexander Natruskin/Reuters
Yelena Isinbayeva é uma das atletas que não poderão representar a Rússia na Rio-2016. E isso não é bom para o Brasil imagem: Alexander Natruskin/Reuters

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Em decorrência de um escândalo de doping, o CAS (Corte Arbitral do Esporte) manteve nesta quinta-feira (21) uma punição ao Comitê Olímpico da Rússia e negou apelação de 68 atletas do país que pretendiam disputar competições de atletismo na Rio-2016. O resultado ratificou suspensão que havia sido definida pela Iaaf (Federação internacional de atletismo, na sigla em inglês), mas não foi lamentado apenas pelos russos. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) também ficou especialmente preocupado com o quanto isso pode afetar os planos dos anfitriões nos Jogos.

A meta estabelecida pelo COB para as Olimpíadas deste ano é colocar o Brasil entre os dez primeiros colocados no número geral de medalhas. Segundo análise feita pela entidade, a suspensão da Rússia é um fator complicador para esse objetivo: além de o país da casa não ter mais chances de pódio por causa disso, alguns rivais diretos, como Holanda, Itália e Ucrânia, podem amealhar láureas nas disputas em que os russos seriam favoritos.

“No atletismo, a suspensão da Rússia não é nada boa para o Brasil. Esperamos que eles sejam julgados com correção e que aqueles que agiram errado tenham as punições cabíveis, mas em termos de briga pelo top 10, que é o objetivo proposto por nós, isso é uma dificuldade a mais”, disse Marcus Vinicius Freire, 53, diretor-executivo de esportes do COB.

O estudo do COB considera o desempenho dos países nas últimas edições de Jogos Olímpicos e nos últimos torneios mundiais de cada modalidade. Por essa projeção, a entidade tinha uma meta inicial de acumular algo em torno de 30 pódios em 2009, quando o objetivo foi estabelecido. Nos anos posteriores, porém, houve dois movimentos coincidentes: uma pulverização de medalhas em alguns esportes, com pódios distribuídos a países que anteriormente não figuravam no quadro, e uma concentração maior de vitórias nas mãos dos líderes (China, Estados Unidos e Rússia, principalmente). Nos dois casos, portanto, perderam espaço os integrantes da faixa em que o Brasil pretendia se inserir.

O contexto global fez com que o COB reavaliasse o número de medalhas para chegar ao sonhado top 10. A entidade atualmente trabalha com a ideia de que será possível atingir essa faixa do quadro com algo em torno de 23 ou 27 pódios.

Contudo, a suspensão da Rússia mudaria tudo. O país é um dos principais vencedores de medalhas nos Jogos Olímpicos, e a ausência deles no atletismo daria mais espaço no pódio para rivais diretos do Brasil.

A análise feita pelo COB considera apenas a suspensão do atletismo da Rússia. A modalidade é até aqui a única afetada por um escândalo de doping deflagrado quando um antigo diretor de um laboratório de Moscou e um funcionário da agência antidoping do país europeu denunciaram à imprensa dos Estados Unidos que pelo menos 15 medalhas dos Jogos Olímpicos de inverno de Sochi, em 2014, haviam usado substâncias ilícitas com anuência de autoridades locais.

O escândalo expôs relatos sobre manipulação de amostras de urina em eventos esportivos e chegou ao atletismo quando a televisão pública alemã “ARD” denunciou que o ministro do Esporte da Rússia, Vitaly Mutko, havia escondido pelo menos um caso confirmado no programa nacional da modalidade.

O atletismo russo foi inicialmente punido pela Iaaf, e o CAS ratificou a pena. Agora, caberá ao COI (Comitê Olímpico Internacional) avaliar pedidos individuais de atletas do país que aceitarem disputar os Jogos Olímpicos com uma bandeira neutra. Eles serão submetidos a análises antidoping e poderão competir normalmente, mas seu país natal não será considerado no quadro de medalhas.

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