Olimpíadas 2016

Líbero que ficou com vaga de Brait foi quase "turista" em Mundial de 2014

Divulgação/FIVB
Léia, da seleção brasileira de vôlei, foi titular na final do Grand Prix imagem: Divulgação/FIVB

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

A líbero Léia surpreendeu a todos aos 31 anos. De uma reserva quase imperceptível na seleção brasileira de vôlei no Mundial a titular da equipe nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Uma ascensão em dois anos da atleta ajudou com que ela ficasse com a vaga da antes inquestionável Camila Brait, apontada como a sucessora de Fabi na posição desde o ouro conquistado na Olimpíada de Londres, em 2012.

Aos 31 anos, o ponto da virada de Léia para fazer parte do grupo olímpico aconteceu apenas no Grand Prix. Na final, a líbero impressionou contra os Estados Unidos em mais uma conquista do time de José Roberto Guimarães. Cenário improvável se olhar para um passado não tão distante.

Há dois anos, Léia fez parte do grupo que ficou com o terceiro lugar no Mundial de vôlei. E a atleta foi praticamente uma turista pela Itália. A única oportunidade que teve de entrar em quadra, contra a seleção de Camarões, ela sentiu uma lesão. Foram 16 partidas com Camila Brait como titular. Em muitos delas, a atleta do Minas sequer foi para o banco de reservas, sem reclamar da escolha de Zé Roberto.

Antes da atuação na final do Grand Prix, que foi ponto-chave para a escolha de Zé Roberto, ela já havia mostrado seu valor no duelo contra a Rússia, na fase final. Yuri Marichev, técnico russo, colocou suas atletas para sacar na líbero e ela deu conta do recado. Nas estatísticas da competição, Léia apareceu entre as melhores defensoras.

A líbero jogou 25 partidas na Superliga da última temporada, deixou o Minas na mão apenas nas semifinais quando sentiu uma lesão na coxa e não pôde entrar em quadra para enfrentar o Praia Clube. Neles, ela teve uma eficiência de 53% de recepção, o que a deixou como a melhor do torneio dentre as titulares. A experiente Fabi, por exemplo, teve uma eficiência de 46% enquanto Camila teve 48%.

Antes da seleção, Léia já havia sido reserva de Camila Brait nos tempos de Osasco. Quando o Vôlei Nestlé se chamava Sollys/Osasco, na temporada 2011/12, a atleta ficou no banco durante quase toda a competição.

Apesar da disputa, as duas sempre foram amigas. Na época em que faziam parte do mesmo grupo, em Osasco, a comemoração era conjunta quando Camila ia para a seleção, pois Léia tinha mais espaço para jogar na equipe paulista.

Dentro da seleção, Léia conta com um "aliado". O bom desempenho feito no Minas neste ano foi sob o comando do treinador Paulo Cocco, que é o principal auxiliar e braço direito de José Roberto Guimarães no grupo brasileiro.

Comprometimento

Essa é a palavra que resume a líbero para quem já trabalhou com ela. Ao menos foi assim que ela foi classificada por Carol Gattaz, sua companheira no Minas, e Wagão, seu técnico na época de Pinheiros.

"A Léia é uma jogadora muito comprometida, série e que se dedica muito. Treina muito e se entrega para o time. Uma jogadora muito discreta, na dela, mas totalmente focada", falou Gattaz.

"No Pinheiros, ela estava sempre envolvida nas situações de treinamento, de jogo, nas situações de organizar a equipe na linha de defesa, de passe. Perfil dela dentro de quadra, ela é participativa com a equipe e está sempre colaborando com as jogadoras dentro de quadra", completou Wagão, que acredita que essa característica ajudou nessa oportunidade recebida pela atleta.

"É uma jogadora que trabalha muito, muito séria, comprometida. Vem evoluindo muito desde o Pinheiros, vem trabalhando muito bem. É uma jogadora muito responsável, sabe muito o que quer. Essa evolução que vem tendo é fruto dessa responsabilidade e foco que tem com o trabalho", finalizou.
 

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