Olimpíadas 2016

Como o 7 a 1 da Copa de 2014 ajudou a definir vôlei do Brasil para Rio-2016

Divulgação/FIVB
Bruninho vibra durante partida contra a França na Liga Mundial imagem: Divulgação/FIVB

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

O Brasil tinha acabado de ser superado pela Sérvia no último domingo (17), na decisão da Liga Mundial de vôlei masculino de 2016. Ainda na Polônia, sede da fase final do torneio, o técnico Bernardinho convocou uma reunião com os atletas e anunciou os 12 convocados para os Jogos Olímpicos deste ano, no Rio de Janeiro. O grupo tinha 15 jogadores àquela altura – o ponteiro Murilo, o central Isac e o líbero Tiago Brendle foram os últimos cortados. E a icônica derrota do futebol masculino, que perdeu para a Alemanha por acachapantes 7 a 1 na semifinal da Copa do Mundo de 2014, foi uma das inspirações para uma das definições.

Bernardinho tinha uma dúvida sobre o líbero que seria levado às Olimpíadas. Serginho, 40, é o atleta mais experiente do grupo e já esteve em três edições de Jogos (Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012). Tiago Brendle, 30, tem bem menos vivência na equipe nacional, mas foi um dos destaques da Liga Mundial deste ano e ganhou a posição na fase final. Foi ele o titular na derrota para a Sérvia, por exemplo.
 
“Numa competição como essa no Rio de Janeiro, com tudo que envolve, experiência é muito importante. A gente tem uma experiência do futebol na Copa do Mundo, e um dos elementos que se levanta, que certamente não é a única razão, é se jogadores mais experientes não poderiam ter contribuído para que o time suportasse a pressão de jogar aqui. Apenas um elemento a ser levado e consideração, e obviamente nós não temos pretensão de dizer que sabemos de tudo. Tentamos aprender, também, com as lições que os outros nos mostram”, justificou Bernardinho.
 
“Os números do Tiago continuam excepcionais, mas o esporte não é feito só de números. Ele segurou o que tinha de fazer ali e nós tivemos uma dúvida. Não foi por aí. Claro que a contribuição psicológica e de experiência é interessante, mas o Tiago fez a parte dele muito bem durante a competição. Era importante saber que ele poderia disputar uma partida com o nível de exigência da final”, completou o treinador.
 
Entre os 12 convocados para a Rio-2016, apenas quatro jogadores têm participações olímpicas no currículo. Além de Serginho, apenas Bruninho (Pequim-2008 e Londres-2012), Lucão (Londres-2012) e Wallace (Londres-2012) integram a lista dos que já defenderam a seleção no torneio.
 
“Temos jogadores muito experientes, embora não em Olimpíada, como Éder, William e o próprio Evandro, que tem uma rodagem bastante grande. Agora, é o final de uma geração que ganhou muito e ficou muito tempo. É um pouco mais drástico em termos de números, mas a gente tem uma quantidade de veteranos que é interessante e alguns líderes que podem passar o que precisa ser passado”, completou Bernardinho.
 
A questão da experiência é especialmente relevante em função de percalços enfrentados pela seleção brasileira no atual ciclo olímpico. O time comandado por Bernardinho conseguiu chegar a três decisões de Liga Mundial e a uma final de Campeonato Mundial, mas foi vice em todas as oportunidades.
 
“Lógico que a derrota incomoda. Chegar à final não é fácil, ainda mais num equilíbrio tão grande quanto o do voleibol masculino atual, mas a gente conversa sobre não ganhar. Frustra, mesmo. Eu estava conversando com o Wallace, e ele falava que até agora não conquistou uma Liga Mundial. Está com a gente há muito tempo, e aí fica esse sentimento”, admitiu o levantador Bruninho.
 
Nesse contexto, o corte do ponteiro Murilo foi especialmente emblemático. O jogador era um dos líderes do elenco e tem largo histórico na seleção, mas viveu um ciclo afetado por problemas físicos e ficou fora da fase final da Liga Mundial por causa de uma lesão na panturrilha.
 
“Sei o quanto ele lutou para estar aqui e quanto sofreu nas duas Olimpíadas em que estivemos juntos. É o título que falta para ele, assim como é o título que falta para mim. De certa maneira, a gente dividiu momentos e dores que são muito complicadas”, encerrou Bruninho.

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