Olimpíadas 2016

Putin levanta dúvidas sobre relatório de doping da Wada

Maxim Shipenkov/AFP

Da Reuters

Em Moscou, Rússia

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira que o relatório da Agência Mundial Antidoping (Wada) sobre casos de doping envolvendo atletas russos foi baseado no testemunho de um único homem e acrescentou que o movimento olímpico pode estar prestes a rachar.

Em comunicado divulgado pelo Kremlin, Putin disse que não há lugar para o doping no esporte, já que representa uma ameaça a vidas e à saúde dos atletas e descredencia o fair play.

Putin afirmou ainda que autoridades russas citadas no relatório da Wada serão temporariamente suspensas, mas solicitou mais detalhes à comissão da agência e informação "objetiva".

Evidências confirmam que a Rússia falsificou os resultados de exames antidoping realizados durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014. A investigação de dois meses, feita pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) e divulgada nesta segunda-feira (18), pressiona o Comitê Olímpico Internacional a tomar uma decisão disciplinar contra os atletas do país às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A agência quer que a Rússia seja banida de todas as competições, incluindo a Rio-16, assim como já havia sido solicitado pelos Estados Unidos e Canadá. O COI também já se manifestou ao prometer avaliar o caso e não descarta sanções. 

Em entrevista ao jornal norte-americano “The New York Times” em maio, Grigory Rodchenkov, ex-diretor do laboratório antidopagem russo, declarou ter encoberto o uso de drogas para melhoria de performance durante a disputa dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi por ordem de oficiais enviados pelo ministro do esporte, turismo e políticas para jovens da Rússia, Yuri Nagornykh. O relatório, publicado pela Wada, concluiu que as alegações do dirigente eram verdadeiras e que as evidências colhidas indicam que o “programa de doping” aconteceu antes e após a disputa dos Jogos de Sochi. 

O documento foi elaborado por Richard McLaren, advogado canadense comissionado pela organização antidopagem. Segundo o profissional, sua investigação estabeleceu “além de uma dúvida razoável” que o ministro russo do esporte, a agência antidopagem russa e o Serviço Federal de Segurança estavam envolvidos em um elaborado esquema de trapaça que se estendeu além dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi.

“A surpresa no resultado da investigação de Sochi foi a revelação da extensão da supervisão e controle diretivo do laboratório de Moscou no processo e acobertamento das amostras de urina dos atletas russos de todos os esportes antes e depois dos Jogos de Sochi”, escreveu McLaren no relatório.

Após as declarações de Rodchenkov, ele acabou desligado da entidade por autoridades russas. Na ocasião, o médico ainda ressaltou que o governo russo desejava “vencer a qualquer custo” e que o serviço secreto russo havia sido destacado para violar as garrafas, supostamente à prova de adulteração, em que estavam armazenadas as amostras colhidas dos atletas. Essas garrafas são utilizadas em todas as competições oficiais internacionais, inclusive nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

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