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Hospitais de referência da Rio-16 estão superlotados, diz conselho médico

Tomaz Silva/Agência Brasil
No hospital Souza Aguiar, o Cremerj aponta problemas como superlotação e acomodação precária de pacientes, entre outros imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil

Da Agência Brasil

Uma vistoria realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) nos cinco hospitais municipais do Rio de Janeiro encontrou diversos problemas nos locais. Pacientes acomodados de forma improvisada em macas, poltronas e cadeiras, e com superlotação em suas emergências foram algumas das irregularidades encontradas nos hospitais usados como referência para atendimento de emergência durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016.

No Hospital Souza Aguiar, no centro da cidade, por exemplo, além do problema de superlotação e acomodação precária de pacientes, foi identificada a falta de medicamentos e de equipamentos para monitorar o estado de pacientes graves. As equipes médicas escaladas para os serviços de ortopedia e neurocirurgia também estavam incompletas.

No Salgado Filho, no Méier, duas crianças que deveriam estar na unidade de terapia intensiva estavam internadas de forma inadequada na sala de média gravidade, por falta de leitos. Foram encontrados muitos pacientes internados ao longo de corredores e faltavam equipamentos de monitoramento. Havia também falta de médicos de ortopedia e neurocirurgia.

No Lourenço Jorge, o mais próximo do polo olímpico da Barra da Tijuca, a unidade semi-intensiva estava desativada por falta de pessoal. Faltam médicos também no centro de terapia intensiva (CTI), além de equipamentos para monitorar os pacientes graves. O aparelho de endoscopia digestiva está quebrado há mais de seis meses

No Albert Schweitzer, o mais próximo do polo olímpico de Deodoro, faltam médicos no CTI adulto. Segundo o Cremerj, a sala de trauma da unidade está instalada em local inadequado, com utilização de tapumes e espaço insuficiente entre os leitos. Há também demora na liberação de resultados laboratoriais.

Já no Miguel Couto, mais próximo do polo de Copacabana, as salas de emergências destinadas a pacientes adultos de média e alta gravidade apresentavam ocupação acima de sua capacidade.

Durante uma reunião na sede do Comitê Organizador Rio-2016, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, atribuiu os problemas nos locais ao PCdoB. “O Cremerj representa os médicos, mas é controlado pelo PCdoB. Eu sei porque eles eram meus aliados até pouco tempo e sei como eles operam. Quando eram meus aliados, não fiscalizavam absolutamente nada”, afirmou.

“Isso posto, afirmo que todos os hospitais avaliados estão bem e haverá um posto médico no Boulevard Olímpico”, concluiu.

Segundo o Cremerj, o Estado precisa liberar verbas emergenciais para a Saúde, já que o repasse atual é de 4% do orçamento, bem abaixo dos 12% obrigatórios. Outra medida seria os hospitais federais garantirem leitos de retaguarda para suprir a necessidade dos hospitais de referência da Olimpíada.

Resposta da secretaria

Em resposta ao Cremerj, o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, disse que o planejamento de saúde montado para a Rio 2016 prevê que os hospitais federais disponibilizem 135 leitos de retaguarda. Soranz esclareceu que o Cremerj vem levantando essas questões em oposição política à secretaria e garantiu que a cidade está preparada para os Jogos.

"Os nossos hospitais municipais já mostraram, em diversos momentos de nossa história, que têm capacidade de atendimento e atendem com muita precisão acidentes de múltiplas vítimas. A gente acredita e trabalha para que os hospitais continuem tendo o mesmo desempenho", afirmou o secretário. Soranz disse ainda que o Cremerj não repassou oficialmente à Secretaria de Saúde qualquer relatório sobre das vistorias realizadas na rede pública de saúde.

*Colaborou Lígia Souto, Repórter do Radiojornalismo

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