Olimpíadas 2016

Rio-16: técnico acusado de abuso sexual ajudará equipe de natação do Brasil

Satiro Sodré/SS Press
Australiano Scott Volkers foi acusado por atletas de abuso sexual durante os anos 1980 e 1990 imagem: Satiro Sodré/SS Press

Guilherme Costa e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

Em maio, depois de um pedido do Comitê Olímpico da Austrália, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) e a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) decidiram excluir da comissão técnica que trabalharia com a natação brasileira nas Olimpíadas 2016 o australiano Scott Volkers, do Minas Tênis Clube, que foi acusado por atletas de abuso sexual durante os anos 1980 e 1990 e enfrentava um processo judicial em seu país natal. Menos de dois meses depois, porém, a situação dele mudou. Volkers não será credenciado como treinador para os Jogos, mas estará no Rio de Janeiro e trabalhará diretamente com os atletas mais próximos.

A delegação brasileira terá 30 nadadores na Rio-2016, e sete atletas desse grupo treinam com Volkers no Minas Tênis Clube. Henrique Martins (100 m borboleta) chegou a publicar na rede social Facebook um texto criticando a decisão de excluir Volkers dos Jogos. O post foi replicado por Ítalo Duarte (50 m livre), outro dos atletas mais próximos ao australiano.

“Scott Volkers foi o técnico com o maior número de atletas classificados para a Olimpíada Rio 2016 e, de acordo com os critérios da CBDA, se encaixa em uma das sete vagas da comissão técnica. Lembrando que o fato dele ser australiano não o impede de integrar a seleção brasileira, tendo ele participado de diversas seleções, inclusive do Pan-Americano de 2015. Além das quatro Olimpíadas no currículo, o Scott tem mais medalhas olímpicas que todos os treinadores brasileiros juntos e sua experiência pode ser crucial nos momentos decisivos e nas performances de seus atletas”, escreveu Henrique.

No entanto, o processo contra Volkers na Austrália não avançou por falta de provas. Então, a despeito de ter acatado o pedido do comitê olímpico do país, a CBDA deu um jeito de ter o treinador ao lado dos atletas. Ele estará com o grupo durante a aclimatação do Brasil para os Jogos, em São Paulo, e ficará hospedado na zona sul do Rio de Janeiro durante a competição. Nesse período, participará ativamente de todas as sessões de treino de seus comandados – Henrique e Ítalo, principalmente.

“Nós conversamos com o Minas Tênis Clube, que já pretendia indicar outro treinador para ser credenciado. O Scott está em fase final de contrato com eles, ao que me parece. Mas nós também estávamos preocupados com os atletas. Eu vou trazer o Scott para o Rio de Janeiro, e ele vai ficar com os atletas mais próximos treinando até entrar na Vila. Tudo foi bem encaminhado e bem conduzido”, disse Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA.

A natação brasileira tem dois técnicos-chefes (Alberto Silva no masculino e Fernando Vanzella no feminino) e trabalhava com mais cinco treinadores até Londres-2012. No Rio, serão mais sete técnicos. Além disso, uma das vagas funcionará em sistema de rodízio – será ocupada pelo profissional que trabalhar com o atleta envolvido nas disputas de um dia específico. Volkers não entrará em nenhum desses grupos.

Henrique Martins e Ítalo Duarte fazem parte de um grupo de atletas que fará quase toda a preparação fora da Vila Olímpica – além deles, a velocista Graciele Herrmann, 24, está nessa condição. Eles ficarão hospedados num hotel do Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro, e treinarão na piscina do Fluminense até a data de suas provas nos Jogos. Essa entrada tardia no ambiente da Rio-2016 deve-se ao fato de as provas desses atletas estarem na fase final do calendário do megaevento.

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