Olimpíadas 2016

Brasil teme horário da natação na Rio-2016, mas decide ter adaptação curta

Satiro Sodré/ SSPress
Estádio Aquático Olímpico, na Barra da Tijuca, terá sessões finais a partir de 22h (de Brasília) na Rio-2016 imagem: Satiro Sodré/ SSPress

Guilherme Costa e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

As sessões finais da natação nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, têm início agendado para 22h (de Brasília), horário inusitado para a modalidade, e essa é a maior preocupação da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) na preparação para a competição. No entanto, o temor não refletiu no tempo de adaptação: o Brasil terá apenas dez dias de aclimatação antes dos Jogos.

A preparação da natação brasileira será realizada no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, entre os dias 24 de julho e 2 de agosto. O período é a metade do tempo de adaptação dos Estados Unidos, por exemplo: os norte-americanos começaram na última segunda-feira um camp em San Antonio (Texas), onde ficarão até o dia 21; de lá, farão mais um estágio em Atlanta (Geórgia) e também viajarão ao Rio de Janeiro no início de agosto.

As duas cidades usadas pelos norte-americanos foram escolhidas, entre outros fatores, em função do fuso. San Antonio tem duas horas de desvantagem em relação ao horário de Brasília, e Atlanta está uma hora atrás. A ideia da USA Swimming, que comanda a natação em âmbito nacional, é fazer uma adaptação gradual dos atletas à realidade do Rio de Janeiro e treinar em situações que possam exigir do grupo uma alta carga de desempenho até mais tarde. As sessões finais da natação às 22h são uma novidade nos Jogos Olímpicos e foram criadas justamente para atender a um pedido da televisão dos Estados Unidos, que pretendia encaixar o esporte em horário nobre.

“Espero que a gente tenha o maior número de finais da história da natação, mas esse cansaço decorrente do horário pode atrapalhar um pouco. Nós tivemos finais de manhã em Pequim-2008, e nem as finais de manhã apresentavam uma condição tão exigente quanto a de nadar às 22h. Esse vai ser o maior desafio”, apontou Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA.

Na projeção da entidade, o horário causará mais impacto nas provas de velocidade. CBDA e COB encomendaram estudos sobre pico de desempenho de atletas e a relação disso com aspectos como temperatura corporal e período do dia. Concluíram que existe uma relação direta – o auge do rendimento físico acontece por volta de 18h, independentemente do fuso horário, e a partir disso, conforme a temperatura corporal diminui, o nível de desempenho também é afetado.

Portanto, o Brasil fará um trabalho para adaptação dos atletas a um fuso horário diferente do Rio de Janeiro. As atividades incluirão exposição à luz quando o sol já tiver se posto, uso de óculos especiais para simular condições diferentes do ambiente e indução de sono, por exemplo. A dinâmica de refeições também será afetada drasticamente.

O que chama atenção é o período curto que o Brasil terá para fazer toda essa adaptação. A despeito da preocupação da CBDA – o tema fuso horário é o primeiro da lista da entidade há tempos – e da grande quantidade de ações planejadas para essa fase, o treinamento encurtado foi um pedido dos treinadores.

“A gente ia fazer uma preparação um pouco antes, mas a pedido dos técnicos a CBDA resolveu jogar para junto com o período de treinos e aclimatação”, confirmou Ricardo de Moura.

A aclimatação da natação para a Rio-2016 motivou muita discussão entre CBDA e envolveu até o COB. A entidade que comanda a natação queria fazer treinos nos Estados Unidos antes da Rio-2016, mas disse ter desistido da ideia por causa da cotação do dólar no ano passado, quando os pacotes teriam de ser fechados. Sem essa opção, analisou sedes do Nordeste e acabou fechando atividades em São Paulo, mesmo. Além de ser a opção mais barata, a estrutura do CT Paralímpico é coberta e facilita trabalhos de adaptação de fuso horário.

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