Paes quer comemorar fim da Rio-2016 "tomando um trago e ouvindo samba"
Tudo é motivo de preocupação para o prefeito Eduardo Paes a três semanas da abertura dos Jogos Olímpicos, mas ele confidenciou que espera um evento incrível e que festejará seu último dia "bebendo uma dose" e ouvindo samba.
"Tenho pressa de que os Jogos comecem e pressa que terminem também, de chegar ao encerramento no Maracanã, quando o prefeito entra no gramado e entrega a bandeira, neste caso para o prefeito de Tóquio, onde serão realizados os próximos Jogos. Depois vou tomar um trago, ouvir samba e beber cerveja", disse Paes em entrevista à agência AFP.
A pressa pelo término dos Jogos Olímpicos contrasta com a avaliação que Paes faz da preparação para o evento. Diante do quadro pouco animador a respeito da despoluição da Baía de Guanabara, o político admite que a competição será “uma oportunidade perdida” para o Brasil.
“Não estamos nos exibindo. Com toda esta crise política e econômica, com todos estes escândalos, não é o melhor momento para estar nos olhos do mundo. Isso é ruim”, disse também, em entrevista ao jornal britânico The Guardian publicada nesta segunda-feira.
À publicação, o prefeito rebateu críticas a respeito de investimento em infraestrutura, que teriam atacado diretamente áreas periféricas da cidade. Segundo Paes, “nunca houve tanta transformação para as pessoas pobres” do Rio quanto no período anterior à Olimpíada.
“Os Jogos Olímpicos são uma grande inspiração para que as coisas sejam feitas”, disse. “É loucura dizer que não há investimentos em áreas pobres (…). Se as pessoas dizem isso, elas não conhecem a geografia (da cidade)”, argumentou.
Confira a entrevista de Eduardo Paes à AFP:
AFP: O que mais o preocupa às vésperas dos Jogos, a nova linha de metrô atrasada, a baía poluída ou segurança?
R: Tudo me preocupa e estou atento a tudo. Os Jogos Olímpicos são um evento muito complexo e muitas coisas acontecem ao mesmo tempo na cidade. Os problemas de hoje não são os problemas de amanhã e, às vezes, são recorrentes, mas as coisas avançam no bom sentido. Estou certo de que será uma Olimpíada incrível.
O metrô será entregue em 1º de agosto. A limpeza da baía é um dos poucos objetivos que não foi alcançado. O estado (e não a prefeitura) devia tê-la despoluído em 80% e alcançaram de 50% a 55%. Não é o ideal, mas avançamos. Quanto à segurança, sempre disse que não tinha preocupações. Temos experiência na organização de grandes eventos. A violência é um problema do Rio, não por causa das Olimpíadas, e sim porque a cidade é violenta e continua sendo. Tenho pressa de que os Jogos comecem e pressa que terminem também, de chegar ao encerramento no Maracanã, quando o prefeito entra no gramado e entrega a bandeira, neste caso para o prefeito de Tóquio, onde serão realizados os próximos Jogos. Depois vou tomar um trago, ouvir samba e beber cerveja!
AFP: O senhor diz que esses Jogos foram baratos. Qual é o segredo e o que mais dá orgulho e o que menos dá orgulho em relação à preparação?
R: Fizemos coisas simples. Os Jogos do Rio não têm nenhum estádio construído por grandes arquitetos de renome internacional. São arenas funcionais, simples e bonitas. Aqui, com a paisagem da cidade, não precisamos de construções grandiosas. As arenas devem fundir-se com a paisagem e não competir com elas.
Quando fui eleito (em 2008 e reeleito em 2012) e quando a cidade foi escolhida para receber os Jogos (em 2009), nem nos meus maiores sonhos imaginei que poderia fazer tantas transformações na cidade. As Olimpíadas foram um grande catalisador de transformações: a rede hoteleira duplicou, temos melhores infraestruturas para receber os turistas, a cidade é mais internacional. A cidade se tornou mais justa, onde as pessoas se deslocam mais facilmente. Houve muitos investimentos e ganhou-se em qualidade de vida, mas ainda há grandes desafios a superar. Se nos países do primeiro mundo as pessoas sempre querem mais, imagine aqui, onde há muitos problemas sociais e alguns serviços funcionam mal.
Do que tenho menos orgulho, vou deixar que a imprensa descubra. Há muitas críticas, às vezes injustas. As pessoa confundem o estado do Rio e a cidade do Rio, o que é um sofrimento para mim. A cidade paga a seus funcionários em dia, constrói escolas e seus hospitais funcionam.
AFP: Um sucesso dos Jogos Olímpicos pode ser um bom trampolim para seus projetos políticos. Quais são eles quando terminar seu mandato como prefeito no fim do ano?
R: Sempre quis ser prefeito do Rio. Quando terminar, tirarei um ano sabático, vou desaparecer. Não digo que não disputarei outras eleições. Meu papel como prefeito é me entender bem com o governador do Rio e com o presidente, seja quem for.