Paratriatleta com 5% da visão vira médica e realiza sonho olímpico no Rio

Do UOL, em São Paulo
Hannah Peters/Getty Images
Susana Rodriguez realizará o sonho de disputar uma Paraolimpíada no mesmo ano em que concluiu o curso de medicina

O triatlo já é uma modalidade reconhecida pelo grande esforço que exige na combinação entre natação, corrida e ciclismo. O paratriatlo, então, exige um nível extra de superação. E a espanhola Susana Rodríguez é um exemplo perfeito do segundo caso. Com 5% da visão, ela realizará o sonho de disputar uma Paraolimpíada no mesmo ano em que concluiu o curso de medicina.

Atualmente com 28 anos, Susana é albina e tem o problema na visão desde que nasceu, nada que a impedisse de almejar grandes conquistas. Mas foi uma dura derrota em 2008 que a motivou tanto a ser médica como a se arriscar no paratriatlo. Susana treinou para disputar o atletismo paraolímpico nos Jogos de Pequim, mas ficou a uma colocação de obter a vaga. Decepcionada, abandonou o esporte por dois anos.

“Quando isso aconteceu, o mundo caiu sobre minha cabeça, porque eu havia dedicado minha vida toda para estar em Pequim. Agora penso que graças a isso decidi estudar medicina e mudei de esporte. Acabei em uma modalidade que gosto muito mais”, contou Susana ao "El Confidencial".

O paratriatlo, com seus 750 metros de natação, 20 km de ciclismo e 5km de corrida, estreia no programa paraolímpico nesta edição dos Jogos. Na categoria de Susana, ela compete nas três provas acompanhada por uma guia que a conduz com uma cinta. No caso do ciclismo, a bicicleta adaptada tem dois lugares.

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Susana Rodriguez tira foto durante um treinamento ao lado de sua guia nas provas

Para se classificar à Paraolimpíada e chegar forte ao Rio, Susana treina quatro horas diariamente, com raras folgas ao longo do mês. Em uma semana, são cinco sessões de natação, quatro de ciclismo, quatro de corrida e três de musculação. A rotina puxada, porém, não a impediu de se formar com média alta na faculdade de medicina.

Susana passou pelas 235 questões do exame para ser aprovada como residente em um hospital e em outubro começará a experiência. A data de início foi adiada devido à Paraolimpíada. Para quem pergunta o que foi mais difícil, ela não tem dúvida: conseguir o diploma de medicina foi mais complicado que chegar à Paraolimpíada.

Susana também não titubeia quando tem de dedicar tantas conquistas na vida. “Meus pais deixaram claro desde sempre que se eu quisesse algo, eu podia conseguir. Eles não me limitaram. Sempre disseram que tudo viria na base do trabalho e do esforço. Fui muito exigida por eles e hoje agradeço por isso”, resume a paratriatleta e médica espanhola.