Olimpíadas 2016

Exército é multado em R$ 40 mil por morte de onça no revezamento da tocha

Ivo Lima/ME
Onça Juma que foi morta após participar do revezamento da tocha imagem: Ivo Lima/ME

Do UOL, em São Paulo

O Exército será multado em R$ 40 mil reais pela morte da onça-pintada Juma, que foi utilizada na passagem da tocha olímpica por Manaus em junho. A punição foi dada nesta quinta-feira pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão estadual que regulamento o cuidado a animais silvestres em cativeiro.

A onça era macho, tinha 18 anos e atuava como mascote de um batalhão militar. Juma participou do revezamento da tocha no dia 20 de junho, quando foi exibida acorrentada ao lado de condutores. Ela depois tentou fugir e foi abatida com dois tiros na cabeça por, segundo o Exército, tentar atacar um de seus cuidadores.

Ao todo, foram cinco multas distribuídas entre três órgãos do Exército envolvidos na morte do animal. A maior, de R$ 20 mil, foi dirigida ao 1º Batalhão de Infantaria na Selva "por construir e fazer funcionar mantenedouro da fauna sem a licença do órgão ambiental”, informou o Ipaam.

As outras quatro multas, no valor de R$ 5 mil, foram dadas aos militares por "manter, transportar e utilizar" um animal silvestre sem autorização. Nenhuma fala especificamente do abate de Juma.

Militares podem recorrer

O Exército terá agora 20 dias para se defender. Depois desse prazo, caso as multas sejam confirmadas, eles ainda poderão recorrer.

Em contato com a reportagem, o coronel Luiz Gustavo Evelyn disse que o Exército ainda não foi notificado oficialmente, e que aguarda a conclusão de uma investigação interna para se pronunciar.

A morte da onça causou enorme repercussão. A organização da Olimpíada chegou a pedir desculpas e afirmar que não permitiria mais que animais selvagens participassem do revezamento da tocha – no mesmo dia da morte de Juma, o evento contou com a participação de botos, também em Manaus.

Segundo o Ipaam, o dinheiro das multas será destinado ao Fundo Estadual de Meio Ambiente, que utilizará os recursos para “promover diversas ações ambientais no Amazonas, como compra de equipamentos, recuperação de áreas degradadas e projetos de fiscalização.”

"O Ipaam tenta cumprir sua função da forma mais eficiente possível", afirmou Ana Aleixo, diretora-presidente do órgão. "Evidentemente foi uma fatalidade, mas havia um animal sem registro, por isso as demais providências foram tomadas."

Relatório confirma que Juma foi morta com tiros frontais

O relatório técnico que detalhou o incidente que levou à morte da onça-pintada destacou que houve quatro tentativas de sedar o animal em fuga, mas só um dos dardos atingiu o alvo.

"O que ocorreu no incidente foi que um dos mosquetões, uma estrutura metálica que prendia a coleira, se soltou, por apresentar uma falha. Neste momento ela escapou dos tratadores", afirmou Marcelo Garcia, gerente de fauna do Ipaam. "Temos o laudo da necropsia que diz que foram dados os tiros na região frontal. Não foi que o animal fugiu e atiraram por trás. Ele [o animal] estava correndo na direção da pessoa que atirou".

O processo será agora encaminhado ao Ministério Público, que poderá pedir outras punições aos envolvidos na morte de Juma.

O Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), onde Juma viveu e morreu, conta ainda com seis outras onças. Segundo o Ipaam, todas estão com chip identificador e tem autorização para viver em cativeiro.

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