Em livro, Rebeca Gusmão relata tentativa de suicídio e abusos com vodca

Medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 1999 e 2003, em Winnipeg e Santo Domingo, respectivamente, Rebeca Gusmão viu sua vida esportiva desmoronar quando foi considerada culpada após exame antidoping detectar uso de testosterona, em 2007. Com quatro medalhas conquistadas no Pan do Rio cassadas e banida da natação, a ex-atleta ainda se arriscou no futebol, sem sucesso, e passou por depressão profunda. 

A nadadora resolveu compartilhar as histórias de sua vida e explicar tudo que aconteceu no livro Virada Olímpica. A publicação só será lançada no próximo dia 7, em Brasília, mas o UOL Esporte teve acesso à obra da editora Astral Cultural e traz alguns trechos relatados pela nadadora. O livro já está disponível para pré-venda.

1 - Rebeca tentou suicídio bebendo veneno de rato e água sanitária

Em parte do livro, Rebeca fala do momento mais difícil de sua vida quando tentou se matar e acabou se salvando após três dias apagada no hospital. Ela fala sobre os momentos que sucederam o instante em que tomou um “coquetel fatal” com vodca, veneno de rato, água sanitária e barbitúricos. A ex-nadadora ainda fala como machucava o próprio corpo neste período de depressão.

“Eu me machucava com a unha, com instrumentos, com objetos, com o que quer que fosse. Escolhia braços, coxas, pescoço e o peito como alvos. Nesses momentos de fúria, repetia: ‘Meu Deus, por favor, me leva daqui’”.

2 - Nadadora tentou curar depressão com vodca e engordou 30 kg

Uma das formas de fugir de tudo que estava acontecendo em sua vida foi a bebida alcoólica. A vodca se tornou frequente na vida da nadadora, assim como os alimentos gordurosos. Não à toa, ela chegou a passar da casa dos 100 kg, 30 a mais do que tinha na época em que competia.

"Depois, comecei a descontar no álcool a minha dor, passei a beber diariamente, em uma rotina que já começava logo de manhã, nas primeiras horas do dia. Elegi a vodca como minha companheira para dividir angústias e tristezas. Com ela, ficava trancada no meu apartamento por semanas, muitas vezes sentadas no parapeito da janela, encarando o vazio".

3 - Ex-atleta acusa laboratório canadense de prejudicá-la

Boa parte do livro retrata os meses em que Rebeca Gusmão tentou provar sua inocência nas acusações de doping e da suposta troca de amostras. A ex-atleta chega a falar sobre uma suposta perseguição cometida pelo laboratório canadense INRS-Santé. Em um trecho, Rebeca relembra que pagou para um representante ir até o Canadá pegar sua contraprova, mas que ele foi impedido de acompanhar o processo.

“Achei tudo muito estranho. Parecia existir ali uma série de ações coordenadas, cujo objetivo era me prejudicar”.

4 - Em reality show A Fazenda, depressão voltou a bater em sua porta

Sua participação no reality show da Record é um dos temas abordados pela nadadora. Ela revela o alívio que foi sair do programa após detectar que os sintomas da depressão estavam voltando a ataca-la.

“A brincadeira tinha assumido um viés que não me interessava mais, estava ficando perigoso para meu equilíbrio emocional, até porque não fazia muito tempo que eu havia deixado para trás um estado de séria depressão. A pressão estava tão forte que me lembro de ter me questionado se as pessoas fora da casa continuariam me amando”.

5 - Fernando Scherer, o Xuxa, fez Rebeca superar aversão à piscina

Outro assunto abordado pela ex-atleta foi o começo de sua carreira. Ela diz que não era fã de piscina quando criança, pois não gostava de água gelada. Mas tudo mudou graças a Fernando Scherer.

“Quando Xuxa bateu a mão na borda e ganhou a medalha de bronze, fui tomada por uma sensação inexplicável, que deve ter acionado algum circuito emocional importante em mim”.

6 - Problema nos ovários fez nadadora acreditar que não engravidaria

Rebeca Gusmão também fala sobre a expectativa do nascimento de Zeus, o primeiro filho. A atleta comenta que achou que nunca engravidaria devido aos ovários policísticos que possui. A notícia da gravidez veio enquanto a atleta escrevia a obra e seu nascimento deverá acontecer próximo da Olimpíada. O nome escolhido foi uma homenagem a Grécia, país que Rebeca conheceu na disputa da Olimpíada de Atenas, em 2004.

7 - Rebeca relata assédio sexual com colegas de time de futebol 

Apesar de dizer que nunca foi vítima de assédio sexual, Rebeca Gusmão denuncia que algumas companheiras, em seus tempos no futebol, passaram por problemas do tipo. Segundo a ex-nadadora, dirigentes de clubes pediam “favores sexuais” em troca de benefícios e até indicação para possíveis convocações.