Exército diz que onça morta estava perto da tocha apenas 'por coincidência'
O Comando Militar da Amazônia, órgão do Exército, publicou uma nota oficial dizendo que a onça Juma, que foi abatida na segunda, estava no local do revezamento da tocha apenas “por coincidência”.
A informação foi publicada depois da revelação de que o animal não tinha autorização oficial para participar do evento, conforme disse o Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas).
De acordo com o exército, a “protagonista” do evento era a onça Simba. Os militares dizem que Juma também estava “por coincidência, no Centro de Veterinária do CIGS [Centro de Instrução de Guerra em Selva, onde a tocha passou] no mesmo dia do evento, para realização de revisões e cuidados da saúde como, por exemplo, a limpeza da cavidade bucal e a medição biométrica para acompanhamento do estado de higidez [saúde] da onça.”
As duas onças-pintadas são machos e muito parecidas. Em contato com a reportagem, o coronel Luiz Gustavo Evelyn confirmou que quem morreu após o evento foi Juma. Segundo ele, Juma não se deslocou de seu habitat natural, que seria o perímetro do Cigs, e por isso não precisaria de autorização especial para estar perto da tocha.
“Ela estava lá e aproveitou-se esse fato para fazê-la participar do evento”, disse o coronel.
Ele também afirmou outra vez que a fatalidade que acometeu o animal após a cerimônia (quando ela fugiu, ameaçou atacar um cuidador e foi abatida) não teve “nenhuma relação com o evento da tocha”. “Poderia ter acontecido a qualquer momento”, disse o militar.
Laudo de necrópsia: onça levou dois tiros na cabeça
No final da tarde, o Ipaam recebeu o laudo de necropsia feito em Juma. O documento informa que o animal foi alvo de dois dardos tranquilizantes, mas apenas um o acertou. Como ele não se acalmava, os militares atiraram duas vezes em sua cabeça. De acordo com o Ipaam, Juma já foi enterrada.
O órgão evitou falar em sanções aos militares pelo abate da onça. "Ainda estamos fazendo a apuração dos fatos", disse Marcelo Garcia, gerente de fauna do órgão, que é estadual e cuida da regulamentação do cuidado animais silvestres em cativeiro.
Após a repercussão negativa do caso, o comitê organizador da Rio-2016, de qualquer forma, já vetou a participação de animais silvestres no revezamento da tocha olímpica pelo país.