COI apoia suspensão da Rússia, mas abre brecha para participação de atletas
O Comitê Olímpico Internacional (COI) demonstrou seu apoio à Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletismo) nesta terça-feira na decisão de banir os russos do atletismo nos Jogos Olímpicos. Mas, no mesmo evento, o órgão liberou o uso da bandeira russo para alguns atletas da Olimpíada.
O anúncio foi feito por Thomas Bach, presidente do COI, depois de uma reunião do comitê executivo da entidade. A punição engloba ainda o Quênia, também envolvido em escândalo de doping.
De acordo com Bach, os russos que comprovarem que estão limpos de doping, depois de realizar exames em órgãos internacionais, poderão usar a bandeira da Rússia nos Jogos se forem liberados pela Iaaf.
“Cada atleta vindo desses dois países (Rússia e Quênia) terá que se declarar elegível pelas federações dos países e pelas federações internacionais por avaliações individuais de elegibilidade.Terão de levar em conta testes supervisionados e aprovados por autoridades internacionais, que deverão olhar todas as circunstâncias e evidências, respeitar o código da Wada e regras aplicáveis em cada entidade", falou o presidente.
A declaração criou uma confusão no evento, pois, o dirigente disse que apoia a decisão da Iaaf. A entidade vetou a participação dos russos. Ou seja, uma brecha foi aberta para o atletismo da Rússia, mas eles dependerão novamente de uma liberação da Iaaf.
O presidente do COI ainda anunciou que o sistema antidopagem passará por uma reformulação em 2017. As novas regras serão reveladas pela Wada (Agência Mundial Antidopagem) mais para frente.
Outras modalidades
Com as irregularidades nas agências nacionais antidopagem, o COI ainda informou que os atletas de todas as federações internacionais de Rússia e Quênia terão de provar que estão limpos em exames a serem feitos fora do país. A entidade de cada modalidade confirmará a elegibilidade ou não dos atletas.
"Sobre a política de não tolerância, em particular sobre Rússia e Quênia, são alegações muito substanciais. A conclusão da comissão é que as alegações substanciais põem dúvidas sérias na presunção de inocência dos atletas vindos desses países. Cada atleta vindo desses dois países terá que se declarar elegível pelas Confederações dos países e pelas Confederações Internacionais por avaliações individuais de elegibilidade. Por essa avaliação, os testes de laboratórios que neste momento foram feitos não podem ser levados em consideração. Terão que levar em conta testes supervisionados e aprovados por autoridades internacionais, que deverão olhar todas as circunstâncias e evidências, respeitar o código da Wada e regras aplicáveis em cada entidade", afirmou.
Atletas vão recorrer
O chefe do Comitê Olímpico Russo anunciou nesta terça (21) ao Comitê Olímpico Internacional que todos os atletas russos que não estão envolvidos em doping recorrerão à CAS (Corte Arbitral do Esporte) para que possam competir na Rio-2016 pela Rússia.
"Os atletas russos que nunca violaram qualquer política antidoping irão apelar à CAS para que sejam protegidos seus direitos de atletas, que provaram sua inocência e não utilizaram substâncias proibidas. O Comitê Olímpico Russo apoia a posição de seus atletas e também vai recorrer à decisão da IAAF para que o direito olímpico seja preservado. Esperamos que o CAS faça uma decisão justa”, diz o comunicado do Comitê Olímpico Russo.
Os atletas russos que não estão envolvidos no escândalo de doping que caiu sobre o país recentemente se sentem "discriminados" por não poderem participar da Rio-2016 pela Rússia. Os esportistas têm a opção de competirem com a bandeira do Comitê Olímpico Internacional, o que não é bem aceito por eles.
Logo depois da Federação Internacional de Atletismo confirmar que a Rússia está impossibilitada de competir na Rio-2016, atletas como a campeã Insinbayeva anunciaram que recorreriam à CAS.
Além disto, o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, ameaçou boicotar a Olimpíada do Rio de Janeiro, caso os atletas "limpos" não possam competir. "Só posso dizer que ninguém quer criar um precedente assim", disse o porta-voz durante teleconferência com jornalistas. "O presidente (Vladimir) Putin é um apoiador convicto dos ideais olímpicos, e um inimigo convicto de qualquer coisa que possa prejudicar esses ideais".
Questionado sobre o tema, o presidente do COI não quis comentar o assunto. Bach também disse que não chegou a falar com Putin sobre o tema. Já o presidente da Confederação Russa Olímpica negou que fará um boicote.