Olimpíadas 2016

Especialistas: medo de atletas e congelar esperma por zika é injustificado

José Guerrero/AFP
Pau Gasol já chegou a questionar sua participação na Olimpíada imagem: José Guerrero/AFP

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

A decisão de alguns atletas olímpicos de congelar o esperma por medo de ter filhos com microcefalia ou síndrome de Guillain-Barré é um exagero sem nenhum amparo na literatura científica, afirmam especialistas. O britânico Greg Rutherford, medalha de ouro no salto em distância em Londres 2012, anunciou no começo do mês que adotou esta medida. O espanhol Pau Gasol, atleta da seleção espanhola de basquete, já cogitou não participar do evento e disse semana passada que estuda fazer o mesmo.

A recomendação do Ministério da Saúde para atletas e torcedores é fazer sexo seguro nos dois meses depois de voltar ao país de origem. Num excesso de zelo, uma pessoa pode aumentar este período para meio ano, acrescenta Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses. Mas ele considera congelar esperma algo que não faz sentido.

“Toda cautela é bem-vinda, mas sem exagero. Congelar esperma reflete um comportamento desprovido de documentação científica. É um teMor que não tem fundamento”, avalia Timerman.

O temor é injustificado porque o vírus desaparece da corrente sanguínea em quatro dias e da urina em duas semanas, afirma o virologista Gúbio Soares Campos, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e um dos três integrantes da equipe que descobriu o zika vírus. Se não está na urina, também não fica no esperma, explica. Ele ressalta que todo o vírus é eliminado do organismo.

O virologista lembra que o Rio de Janeiro não é uma das áreas problemáticas de casos de zika. Além disso, na época do ano em que a Olimpíada será realizada, em agosto, as temperaturas são abaixo da ideal para a propagação do mosquito que transmite a doença.

“Pessoas estão mal informadas, não existe risco para atletas se contaminarem. Estão em locais longe dos focos”.

Mulheres devem evitar gravidez

Os dois especialistas ressaltam que as mulheres não devem se descuidar em relação à gravidez. O correto é esperar para ter um filho e num excesso de precaução aguardar até seis meses, declara o presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses. Na avaliação dele, gestantes não devem vir ao Brasil.

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