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Judoca faz ensaio de lingerie e sonha com volta à seleção por Tóquio-2020

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Judoca Katherine Campos faz campanha de lingerie imagem: Divulgação

Juliana Alencar

Do UOL, em São Paulo

A judoca brasileira Katherine Campos trocou os tatames pelos estúdios - pelo menos até se recuperar da grave lesão no joelho. Longe da seleção brasileira, a pernambucana,que participou dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, virou comentarista convidada da modalidade no canal Esporte Interativo e tem aberto caminho para trabalhos como modelo. O mais recente deles foi para uma marca de lingerie, na qual aparece praticando judô em trajes íntimos. As fotos foram feitas no fim de maio, no Rio.

"Quando eu recebi o convite eu gostei muito da proposta. Porque a ideia é mostrar que todas as mulheres podem ser sensuais", afirma Katherine, de 27 anos. "Eu já tinha feito alguns trabalhos antes nessa linha. E eu particularmente gosto. A gente passa uma imagem muito masculinizada quando está vestida de quimono. Mostrar esse lado feminino faz bem e eu fui muito bem tratada nos bastidores".
 
Atleta militar, Katherine conta que chegou a comunicar o seu treinador antes de dar o sim para o ensaio, mas não chegou a fazer o mesmo a Marinha, com qual tem vínculo desde 2010, pelo programa olímpico. "Fiz porque acho normal avisar, mas não é que eu pedi uma autorização. E não teria nenhum problema se eu não fizesse. Não é algo que prejudique", observa ela, que reconhece, no entanto, que o fato de não estar atrelada diretamente a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) torna a situação "menos complexa". 
 
Procurada pelo UOL Esporte, a Marinha confirmou que ainda não tinha sido consultada pela atleta e que irá pedir mais informações sobre o ensaio. "A Força não tinha conhecimento do ensaio fotográfico realizado e ainda não teve acesso ao material em questão.  Os atletas são orientados com base nos estatutos militares e nos regulamentos pertinentes. A Marinha entrará em contato com a militar para obter maiores informações acerca do fato e esclarecer a situação", disse, em nota.
 
"Se eu fosse atleta olímpica, certamente seria diferente. Em um ano como esse, a prioridade seria treino e competição. Acho que vale o bom-senso", opina. Segundo a assessoria de imprensa da CBJ, a entidade não se opõe a atletas que fazem ensaios sensuais, tampouco recomenda não fazê-los. Diz que, informalmente, faz apenas recomendações sobre como usar bem redes sociais, além de submetê-los a treinamento para lidar com imprensa.
 
Solteira, Katherine diz que a maior preocupação antes de fazer a sessão de fotos foi ganhar a aprovação da família. "Conversei com eles para saber o que eles achavam", admite ela, que diz não ver o teor sexista nas fotos - crítica normalmente feita a campanhas de lingeries por supostamente venderem a mulher como objeto sexual. "Eu não vejo como algo que me exponha negativamente. Acho que você tem que fazer o que te dá vontade e o que te faz bem", afirma.
 
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imagem: Divulgação
 

Sonho de voltar à seleção

Afastada das competições por causa da lesão, Katherine acalenta, no entanto, um sonho comum a atletas profissionais: voltar a integrar a seleção brasileira. A judoca, aliás, não atribui apenas à lesão o fato de não fazer mais parte do grupo. 
 
"Mesmo se eu estivesse fisicamente bem, tem meninas passando por melhores momentos hoje", diz. Na categoria dela, menos 63 kg, estão Ketleyn Quadros e Mariana Silva - a última será a representante do país nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
 
Apesar de reconhecer a inferioridade técnica atualmente, Katherine pretende trabalhar pesado para brigar por uma vaga na próxima seletiva da CBJ, prevista para ocorrer entre os dias 9 e 11 de dezembro em Lauro de Freitas, na Bahia. "É uma meta pessoal. Tenho alguns meses ainda para me preparar e chegar em condições de lutar por uma vaga".
 
Aposentadoria, ela diz, só depois de cumprir o próximo ciclo olímpico, que se encerrará em Tóquio-2020. "Só pretendo parar no judô depois daí".

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