Rio se preocupa com 'lobos solitários' durante Olimpíada, diz secretário

Rodrigo Viga Gaier e Paulo Prada
Da Reuters, no Rio de Janeiro
Alexandro Auler/ Estadão Conteúdo

A chance de o Rio de Janeiro ser palco de um ataque terrorista durante os Jogos Olímpicos é “quase zero”, e a preocupação maior é com os chamados "lobos solitários", afirmou à Reuters o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame.

Segundo ele, apesar de o Rio não estar na geografia do terrorismo mundial, é preciso atenção com as pessoas que agem sozinhas em nome de uma causa própria.

“(A preocupação) é muito maior para esse lado do lobo solitário do que para os grupos. Porque uma pessoa pode fazer uma situação muito ruim”, disse Beltrame em entrevista na quarta-feira.

“Estamos buscando qualquer tipo de indício que possa nos levar a uma determinada pessoa”, acrescentou o secretário, que não quis revelar se a inteligência já monitorou alguma ameaça.

Beltrame tem recebido quinzenalmente relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e de serviços desta área mostrando que o Rio e o Brasil estão fora do mapa global dos principais grupos radicais, como Estado Islâmico e Al Qaeda.

"A possibilidade (de um ato terrorista) é quase mínima de acontecer", disse o secretário, que é egresso da Polícia Militar e tem experiência na área de inteligência.

As autoridades de segurança, porém, têm rastreado redes sociais, áreas de fronteira e serviços de imigração para evitar que a cidade possa ser alvo de algum ato. “Desde o Pan de 2007 a preocupação número um aqui no Rio sempre foi o terrorismo. Não temos história nisso, mas sempre foi a prioridade, independentemente do que aconteceu na França e na Bélgica”, disse.

Em novembro, ataques de militantes islâmicos deixaram 130 mortos em Paris, e a cidade de Bruxelas foi alvo de ataques que mataram 32 pessoas em março, aumentando as preocupações de segurança para grandes eventos.

“Nada mudou desde Paris e Bruxelas… e os níveis para o Brasil (de risco de atentado) são muito baixos”, declarou o secretário, apesar de um diretor da Abin ter revelado recentemente preocupação com uma potencial ameaça de ato terrorista no Brasil feita na Internet por um integrante do Estado Islâmico. [nL2N17H2J2]

Beltrame classificou a divulgação dessa possível ameaça de um “ato de infelicidade” do representante da Abin porque a declaração causou um alarde desnecessário.

Como parte da estratégia de segurança, já está funcionando em Brasília um centro integrado de terrorismo com homens da Abin, Ministério da Defesa, Polícia Federal e 50 policiais de diversos países monitorando aqui e no exterior possíveis ameaças de atentados.

Forças armadas

Beltrame está finalizando um pedido formal ao governo federal para que cerca de 2.500 militares da Forças Armadas tenham poder de polícia durante os Jogos Olímpicos e possam auxiliar as polícias locais no patrulhamento das principais vias expressas da cidade e por onde vão passar atletas, delegações, VIPs, chefes de Estado, turistas e equipes de controle de dopagem.

O pedido é que os militares patrulhem vias expressas importantes como Avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha, todas elas cercadas por comunidades carentes e favelas, e que não fiquem restritos a uma presença física.

“Quero PM para garantir um dia de praia tranquilo; de Lapa tranquilo e para ir para o Cristo Redentor tranquilo”, destacou Beltrame.

A possibilidade de ocupação de favelas próximas a locais de jogos ou desses corredores da cidade “está totalmente descartada no momento”, mas as Forças Armadas vão fazer a segurança interna e externa do Parque Olímpico de Deodoro, na zona oeste, e podem formar um cinturão de segurança em torno do local onde vão acontecer provas de canoagem slalom, pentatlo moderno, hóquei na grama, hipismo e outras modalidades.

"Todo Deodoro é designação deles; eles fazem questão até porque 85 por cento dos equipamentos que estão lá nessa área já é militar”, finalizou.