Era uma das partidas de badminton mais importantes de sua carreira. A húngara Laura Sarosi precisava da vitória para melhorar no ranking e ter mais chances de ir às Olimpíadas. Sua rival, a alemã Karin Schnaase, viu a sola de seu tênis se desprender. Sarosi, então, podia pedir o fim do jogo, já que a adversária não tinha um calçado reserva. Mas ela fez diferente: pegou seu tênis reserva, emprestou à alemã e, na sequência, acabou derrotada. Naquele momento, Sarosi dava adeus aos Jogos.

O gesto da húngara rodou o mundo. Aconteceu neste mês, na disputa do Campeonato Europeu de Badminton. Era a última chance de Sarosi pontuar e subir no ranking. A alemã Schnaase, mais bem posicionada na lista, estava próxima da vaga no Rio-2016.

Mesmo assim, Sarosi fez o que achava certo, ainda que isso lhe custasse o sonho de disputar a Olimpíada. Segundo o regulamento da competição, as jogadoras só podem utilizar os equipamentos que levaram para quadra. Por isso, todas sempre têm raquetes reservas na mala.

Sarosi, além de emprestar seu tênis para a rival em vez de pedir o fim do jogo (que era seu direito), o fez com sorriso no rosto e de forma espontânea, chamando a atenção pelo fair play.

Logo após a partida, a Federação Alemã de Badminton entrou com um pedido na federação mundial para que a húngara recebesse um dos três convites previstos no regulamento. Uma campanha na internet também ganhou força, com quase cinco mil assinaturas em nome de Sarosi.

Na semana passada, então, a notícia que muitos esperavam se concretizou: a jogadora húngara foi confirmada nas Olimpíadas, graças ao remanejamento de vagas da chave de duplas. Sem precisar do convite, Sarosi realizará o sonho de disputar os Jogos e representar a Hungria na competição depois de 20 anos do país sem nenhum representante.