! Lutador demitido pelo UFC é arma de brasileira em preparação para Rio-2016 - 24/05/2016 - UOL Olimpíadas

Olimpíadas 2016

Lutador demitido pelo UFC é arma de brasileira em preparação para Rio-2016

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

O MMA não é um esporte olímpico, mas tem tudo a ver com a preparação de uma brasileira para a Rio-2016. Foi por causa das artes marciais mistas que a goiana Lais Nunes, 23, conseguiu um sparring adequado e elevou o nível de seus treinos de luta olímpica. Ela é noiva de Hugo "Wolverine" Viana, 33, que integrava o quadro do UFC até o ano passado, e o relacionamento acabou virando uma parceria também nas atividades do dia a dia.

Lais vai representar o Brasil na categoria até 63kg dos Jogos Olímpicos de 2016. O peso é quase o mesmo de Wolverine, que tem 61kg. O lutador é profissional de MMA desde 2010, disputou o reality show The Ultimate Fighter em 2012 (perdeu para Rony Jason nas semifinais) e chegou no mesmo ano ao UFC. Foi demitido pelo Ultimate em dezembro, depois de três derrotas em quatro lutas.

"Na minha modalidade não há muitos atletas, e como não há muitos atletas ele acabou sendo meu parceiro de treinos durante muito tempo. Por ele conhecer um pouco de treinamento e por também ser lutador, me incentiva e me ajuda", contou Lais ao UOL Esporte.

Wolverine hoje vive nos Estados Unidos. Lais divide desde o início do ano uma casa com as outras cinco integrantes da seleção brasileira de luta olímpica. Elas moram numa casa na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro – o centro de treinamento da Confederação Brasileira de Lutas Associadas (CBLA) é sediado no mesmo bairro.

Por causa da distância, os treinos conjuntos rarearam. No entanto, Lais e Wolverine seguiram trocando dicas sobre esportes. “Ele me ajuda e eu falo um pouco mais sobre o wrestling, que ele tinha dificuldade. É meu parceiro de todos os dias por causa do peso, da força e da experiência”, relatou a lutadora.

A luta é uma espécie de fio condutor na relação do casal. Os dois se conheceram há quase quatro anos, em um evento de MMA. "Eu gosto muito de luta. Todo tipo de luta", disse Lais, que esteve em Londres-2012 como parte de um plano do COB (Comitê Olímpico do Brasil) para dar vivência a alguns atletas e ainda faz planos para mais um ciclo olímpico.

Depois de Tóquio-2020, Lais cogita seguir a trajetória do noivo e se arriscar no MMA. "O westling hoje tem sido uma base importante para o MMA. Quem entra com essa formação normalmente consegue se dar bem. Futuramente, por que não?".

Lutadora começou por acaso

Lais é natural de Barro Alto, município que fica a 250 km de Goiânia e tem pouco mais de 10 mil habitantes (estimativa do IBGE em 2013). Ajudava o pai a recolher sementes de brachiaria, uma espécie de algodão, e procurou um projeto social porque era apaixonada por artes marciais.

Em 2007, Lais foi disputar a primeira competição. Recebeu malha e sapatilha, e só então percebeu que não vinha treinando judô, esporte que almejava quando entrou no projeto, e sim luta olímpica.

Depois da "descoberta", Lais evoluiu rapidamente. Saiu de Barro Alto, morou em Brasília e depois migrou para Osasco, na Grande São Paulo. Passou a treinar com o cubano Alejo Morales, que trabalhava no Sesi-SP, e foi campeã pan-americana júnior na categoria até 59kg.

Os resultados obtidos nesse período levaram Lais aos Jogos Olímpicos de 2012 e melhoraram a condição econômica da lutadora, que conseguiu cursar administração de empresas e comprar um pequeno bar para o pai trabalhar – ele ainda mantinha rotina no roçado.

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