Rio-2016 pode abrir bilheteria nos Jogos e explica ingressos "escondidos"

Guilherme Costa
Do UOL, no Rio de Janeiro
Alex Ferro/Rio 2016/Divulgação
Visual dos ingressos da Rio-2016 foi revelado na última sexta-feira (20)

A menos de três meses do início dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro, 4 milhões de ingressos foram comercializados. O número corresponde a 53,3% do contingente total e está dentro da previsão do comitê organizador para maio. Ainda assim, contudo, os responsáveis pelo evento esportivo já admitem ter bilheterias operando durante a competição.

“Como aconteceu em Londres, mesmo durante os Jogos é possível que exista liberação de ingressos”, disse Donovan Ferretti, diretor de ingressos da Rio-2016.

A explicação é que existe um contingente de entradas “escondidas” pelo comitê organizador. A entidade anunciou originalmente um total de 7,5 milhões de bilhetes para os Jogos Olímpicos, mas colocou apenas 6 milhões à disposição do público até agora.

“Você nunca coloca 100% dos ingressos à venda. Você sempre tem uma manobra. Um cadeirante que comprou ingresso para um lugar que não é de cadeirante, por exemplo”, explicou Ferretti. “Essa contingência pode abranger uma plataforma de mídia que não seja mais necessária, e a gente vai liberando para a venda”, completou.

Por causa dessa reserva, ainda é impossível dizer o total de ingressos da Rio-2016. As contingências abrangem, por exemplo, estruturas temporárias do evento. Como tribunas de mídia e arquibancadas provisórias ainda não estão prontas, é impossível dizer o número exato de assentos de cada equipamento.

O exemplo mais usado pelo comitê organizador é o do estádio aquático. A casa da natação nos Jogos tinha previsão de acomodar até 18 mil pessoas, mas a construção usou quatro grandes pilares nas extremidades. Isso estabeleceu um grande número de cadeiras com visão prejudicada, e esses pontos cegos foram retirados da comercialização.

“A gente sabe que a conta não vai chegar aos 7,5 milhões de ingressos. A gente tem questões como os lugares que ficaram atrás de pilares no estádio de natação ou a arquibancada flutuante do remo, que não existe mais. Esse número não vai ser atingido”, declarou Ferretti.

Mudança na lei

Os ingressos que ainda não foram colocados à venda também facilitaram a adaptação dos Jogos a uma mudança de legislação. A presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou a Lei Olímpica em seu último dia no exercício do cargo – ela foi afastada após votação no Senado e substituída pelo vice Michel Temer (PMDB), que assumiu em 13 de maio.

Antes da sanção de Dilma, valia um decreto de 2012 que estipulava carga de 1% para deficientes e 1% para pessoas com mobilidade reduzida em estádios do Brasil. A Lei Olímpica aumentou esses contingentes, respectivamente, para 4% e 2%.

“A gente já tinha a informação de um trabalho que vinha sendo feito para essa lei e vinha trabalhando havia algum tempo com esse bloqueio”, relatou Ferretti.

Muitos dos ingressos reservados, portanto, são de áreas de fácil acesso. Dependendo da demanda, podem ser adaptados a consumidores com necessidades especiais ou disponibilizados ao público em geral.

O comitê organizador tem feito lançamentos semanais de novas cargas de ingressos. Os bilhetes são disponibilizados sempre às 12h (de Brasília) de quinta-feira, separados por evento.