Olimpíadas 2016

Eike Batista é convidado a conduzir a tocha e vira polêmica na Rio-2016

Alan Marques/Folhapress
Eike Batista foi convidado para conduzir tocha olímpica imagem: Alan Marques/Folhapress

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

A possível participação de Eike Batista em eventos relacionados às Olímpiadas de 2016, no Rio de Janeiro, tem causado polêmica e reclamações. O empresário, 59 anos, outrora o homem mais rico do país, foi convidado a conduzir a tocha dos Jogos e fazer parte de uma lista VIP de ingressos. Isso gerou um protesto formal da Associação de Investidores Minoritários do Brasil, que trava batalha judicial contra ele.

Eike foi chamado a carregar a chama olímpica e incluído na lista VIP dos Jogos por ter doado R$ 22 milhões ao comitê que organizou a candidatura do Rio de Janeiro a receber o evento – informação divulgada pelo jornal “O Globo” e confirmada posteriormente pelo UOL Esporte. Na época em que a cidade foi escolhida, em 2009, o empresário era um dos principais artífices de um projeto de revitalização focado na Marina da Glória – os planos dele passavam pela construção de um hotel na região.

Em 2013, contudo, a derrocada no grupo de empresas comandado por Eike interrompeu a construção. O empresário foi denunciado pelo Ministério Público Federal por crimes contra o sistema financeiro nacional e acusado de fraude contra os investidores pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). No início deste ano, repassou ao fundo soberano Mubadala, de Abu Dhabi, a participação acionária de quatro companhias e o controle sobre o Hotel Glória.

A Associação de Investidores Minoritários do Brasil decidiu processar Eike por danos causados por gestão fraudulenta nas empresas que ele comandava. Na última segunda-feira (16), o juiz titular da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro rejeitou em primeira instância a ação civil.

“Não houve julgamento do mérito”, disse Aurélio Valporto, vice-presidente da entidade. “O juiz tomou uma decisão equivocada e disse que os danos não eram homogêneos porque cada acionista comprou e vendeu em uma data diferente”, completou. A associação já decidiu recorrer e tem um prazo de dez dias para isso.

Uma das bases do processo contra Eike é justamente o fato de o empresário ter feito doações com dinheiro de acionistas. Entre esses repasses está o montante destinado à Rio-2016.

“Eram recursos que deveriam ser destinados à atividade produtiva dessas empresas. Não poderiam ser doados”, explicou Valporto.

O vice-presidente da associação enviou um e-mail a Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do Comitê Organizador Rio-2016. Recebeu uma resposta dizendo que a mensagem seria encaminhada à equipe responsável pelo revezamento da tocha.

“De fato, eu acho que ele não deve ir. Ele mesmo deveria não aceitar esse convite porque os recursos não eram dele. Eram recursos da empresa, e por isso pertenciam aos acionistas. Seria uma atitude honesta recusar”, ponderou.

Eike ainda não respondeu se aceitará as benesses oferecidas pelo comitê organizador dos Jogos. O empresário e seu advogado foram procurados pelo UOL Esporte ao longo desta sexta-feira, por repetidas vezes, mas não responderam até o fechamento do texto.

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