Olimpíadas 2016

Pirv "apaga" mágoa de Giba e lamenta não ter defendido Brasil em Sydney-00

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Cris Pirv, embaixadora da federação romena de vôlei, com o presidente da instituição, Gheorghe Visan, em Bucareste imagem: Divulgação

Juliana Alencar

Do UOL, em São Paulo

O temperamento forte e o espírito de luta parecem ser marcas na vida da romena Cristina Pirv. Aos 43 anos, no entanto, a ex-jogadora de vôlei radicada no Brasil se vê, pela primeira vez em muito tempo, com condições de usar essa características em benefício do esporte. No início do mês, ela foi nomeada embaixadora da federação romena da modalidade. Vai agir, segundo ela, facilitando o intercâmbio de informações entre escolas mais tradicionais do vôlei - a brasileira, incluída - e de seu país de origem.

"Construí uma carreira fora do país e contribuição que eu posso e quero dar é nesse intercâmbio  de experiências. A situação do vôlei lá é muito precária. Precisa crescer muito, como mentalidade, na preparação, os técnicos. Sempre tive o perfil de ser a jogadora que sempre brigava por melhores condições, pela profissionalização. Tinha posições fortes, sempre positivas, construtivas. Mas nunca tive um cargo. Agora acho que vai ser mais fácil", avalia Pirv, que relembra como a fama de "cri-cri" já lhe rendeu algumas saias justas.  

"Uma vez o ministro da Romênia me chamou a atenção porque eu teria dito que o país 'olhava de bunda' para o esporte. Aproveitei o encontro para reivindicar o que eu achava que era necessário. Saí de lá com um convite para assumir a federação".

O cargo na federação romena é, por outras vias, o retorno de Pirv ao vôlei, dez anos após a sua aposentadoria das quadras. Ela tinha apenas 34 anos quando resolveu abandonar o esporte para cuidar da filha pequena, Nicoll. A menina, hoje com 12 anos, é fruto do relacionamento com o jogador de vôlei Giba, com que se casou em 2003. Os dois tiveram ainda Patrick, 8 anos, antes de se separarem em 2012.

Pirv não fala em arrependimento pela aposentadoria precoce. Mas não deixa de lamentar a chance perdida de disputar uma Olimpíada. Em 1999, ela relembra, o então técnico da seleção Bernardinho sugeriu que ela se naturalizasse brasileira. Pirv era uma das principais jogadoras em atividade no país e já estava há dois anos no país. Em Londres-2012, a ex-atleta esteve apenas como torcedora.  

"Talvez me arrependa  mesmo de não ter me naturalizado brasileira. Poderia ter estado na campanha do bronze em Sydney. Mas não quis. Como poderia saber que me casaria e teria filhos aqui, né?", contemporiza. Hoje, Pirv não tem planos para sair do país.  "Não digo nunca, mas eu gosto de viver aqui".

Recomeço após separação com Giba

Solteira desde o fim do casamento com Giba, ela vê numa nova relação uma chance de reconstruir sua vida amorosa após o traumático rompimento com o atleta. Em 2012, Pirv anunciou a separação do atleta numa rede social, alegando que ele teria a traído com a atual companheira dele, Maria Luiza Daudt. A separação ainda contou com uma disputa judicial por pensão alimentícia.

"Eu ainda acredito em casamento. Mas depois  que eu me separei ainda não tive coragem de assumir uma relação séria com ninguém. Não tenho como colocar uma pessoa em casa tendo dois filhos. Tem que ser alguém muito especial, ainda não apareceu. Tive pretendentes, mas não era a hora" , conta ela, que admite torcida para voltar a namorar: "Meus filhos sempre pedem".

O lado "brigador" de Pirv hoje dá trégua quando o assunto são os problemas do passado. A ex-atleta hoje assume um discurso mais cauteloso  quando cita, por exemplo, como superou a frustração do rompimento de um relacionamento de 9 anos.  Questionada sobre o teor das declarações que Giba fez sobre ela no autobiografia lançada no ano passado, ela afirma que preferiu não saber o que ele tinha para dizer.

"Não era minha prioridade, não quis saber o que está lá. Ele faz da vida o que quiser e que ele seja feliz", diz. "Perdoar quem te faz bem é fácil, perdoar quem errou com você é mais difícil. Hoje eu estou em paz".

A romena fala que contou com a ajuda da religião - ela frequenta uma igreja evangélica - e de um curso de meditação para esquecer a mágoa do ex-marido. "Eu me sentia culpada por sentir rancor. Aprendi que não temos direito de julgar o outro. Precisava me curar desse rancor. Hoje, estou 'sussa'."

Com um projeto de escrever um livro sobre a sua vida, Pirv agora se divide entre as ações como embaixadora da federação romena de vôlei e as funções de mãe. Nelas, aliás, se sente mais à vontade para assumir ser linha dura. 

"Meus dois filhos praticam vôlei, mas eu não pressiono para que sigam carreira profissionalmente. Minha única preocupação é que vão bem nos estudos. Tem que tirar 8, 9, sou mãe chata com nota". 

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