Ana Cláudia pega pena branda, mas terá presença olímpica decidida no TAS

Karla Torralba
Do UOL,em São Paulo
Ian Walton/Getty Images
Ana Cláudia Lemos pegou cinco meses de suspensão, mas ainda será julgada no TAS

A velocista Ana Claudia Lemos foi suspensa por cinco meses das competições por ter sido flagrada em exame antidoping. Julgada neste sábado (07) pelo Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a atleta terá sua punição encerrada no dia 2 de julho, o que não a impediria de disputar a Olimpíada do Rio-2016. Porém, o caso ainda será levado o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), que pode optar por ampliar a punição.

Ana Cláudia foi julgada na sede da Federação Paulista de Atletismo, em recurso apresentado pela Procuradoria após advertência dada à atleta pela Comissão Desportiva Nacional (CND) em abril. Por 6 votos a 0, foi punida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

“É a primeira vez que temos uma decisão unânime no STJD nestes casos. A defesa da atleta provou que houve contaminação e que a quantificação da substância encontrada é mínima. Podem me perguntar então: por que ela não foi absolvida? Porque ela é uma atleta olímpica e é responsável por tudo o que consome", afirmou o presidente do STJD, Gustavo Normanton Delbin em nota oficial divulgada pela Confederação Brasileira de Atletismo. "Ela tem de pagar um preço por sua negligência”, completou.

A punição deste sábado, porém, não agradou ao presidente da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Marco Aurélio Klein, que já informou que a entidade recorrerá ao TAS para que a pena seja agravada. Advogado da atleta, Marcelo Franklin também afirmou que entrará com recurso na entidade contra a decisão do STJD.

"Tenho a convicção de que ela participará da Olimpíada, porque ela é inocente e as provas foram robustas quanto a isso. Vamos à Suíça recorrer para diminuir a pena. A pena é injusta porque a atleta é inocente. Apesar disto, estamos satisfeitos, porque ao menos foi assegurado o direito dela de estar na Olimpíada", disse Franklin ao UOL Esporte.

O advogado também informou que Ana Cláudia está proibida de participar de treinamentos e competições oficiais até o término da suspensão, em 2 de julho. A atleta não se pronunciará sobre o assunto até o fim da punição.

Ana Cláudia tem índice para participar dos 100 m e 200 m rasos na Rio-2016 e é considerada peça chave para o revezamento 4x100m rasos. Tais marcas foram obtidas antes de ela ser pega com doping, o que não as cancelaria. A atleta, porém, ficará de fora do Campeonato Ibero-Americano de Atletismo, evento-teste da Rio-16, que será disputado entre os dias 14 e 16 de maio no estádio Engenhão.

Todos os atletas brasileiros com marcas já asseguradas para a Olimpíada estão entre os inscritos para a competição no Rio, que contará com a participação de competidores de Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Colômbia, Cuba, Chile, El Salvador, Espanha, Guiné Bissau, Honduras, Paraguai, Peru, Porto Rico, Portugal, Uruguai, Venezuela, Arábia Saudita, Austrália, Estado Unidos, Bulgária, França, Luxemburgo e Omã.

Os principais destaques da delegação brasileira são: Fabiana Murer (salto com vara), Rosângela Santos (100m e 200m rasos), Darlan Romani (arremesso de peso), Bruno Lins (200 m rasos) e Mauro Vinícius da Silva, o Duda, que ainda busca a classificação no salto em distância.

O caso de Ana Cláudia:

Ana Claudia Lemos foi flagrada com a substância a oxandrolona, droga muito usada por praticantes de musculação, em amostra de urina coletada no dia 3 de fevereiro, durante exame de controle fora de competição realizado pela ABCD. A atleta ficou suspensa voluntariamente a partir do dia 8 de março por conta do resultado da primeira amostra. A amostra B da urina de Ana Cláudia, aberta no dia 24 de março, confirmou a presença da substância proibida.