Argentina com nome que homenageia guerra com ingleses evita política na Olimpíada

Bruno Freitas

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • Felipe Trueba/EFE

    Argentina Carola Malvina em ação contra a marroquina Sanaa Atabrour na estreia do taekwondo

    Argentina Carola Malvina em ação contra a marroquina Sanaa Atabrour na estreia do taekwondo

Nascida em 17 de abril de 1982, a argentina Carola Malvina López Rodríguez veio ao mundo bem no meio do conflito entre o seu país e o Reino Unido pelo domínio de um complexo de ilhas na América do Sul, em questão que gera tensão entre as nações até hoje. Nesta quarta-feira, a atleta do taekwondo que carrega no nome a referência à guerra entre as duas bandeiras entrou em ação na disputa da Olimpíada, admitiu a emoção, mas evitou fazer comentários políticos.

SOBRE A GUERRA

A Guerra das Malvinas transcorreu entre abril e junho de 1982, quando o governo ditatorial da Argentina decidiu reivindicar a soberania do arquipélago no sul, ocupado pelos britânicos desde 1833. O saldo do conflito armado foi a recuperação do território por parte dos europeus, além de 649 soldados argentinos mortos.

Se em Buenos Aires é difícil não notar as frases de protesto contra os britânicos a respeito das Malvinas, em Londres as referências ao conflito são quase nulas, com exceção de um monumento na Trinidad Square Gardens, dedicado aos 255 mortos britânicos no embate.

Carola reconheceu que a coincidência de competir em solo britânico 30 anos depois da Guerra das Malvinas mexe com suas emoções de alguma forma. No entanto, a argentina manifestou que, em área olímpica, prefere apenas ficar restrita a temas esportivos.

"Sim, é especial", afirmou a atleta, natural da cidade de Córdoba. "Mas estamos em um ambiente esportivo. Respeito muito o meu país e tenho muito orgulho do meu nome e o que ele significa. Mas estamos nos Jogos Olímpicos, os temas políticos devem estar distantes", acrescentou a atleta do taekwondo.

A atleta argentina competiu nesta quarta-feira na categoria até 49 kg do taekwondo. Depois de vitória sobre a marroquina Sanaa Atabrour na estreia (1 a 0), Malvina foi eliminada nas quartas de final diante da croata Lucija Zaninovic (13 a 4).

  • Reuters

    Argentinos e britânicos fizeram partida quente no hóquei na grama, mas evitaram o assunto Malvinas

A presença de uma atleta com nome que remete à Guerra das Malvinas (ou Falklands, para os britânicos) não é a primeira menção ao tema dentro da esfera esportiva da Olimpíada. Na última semana argentinos e britânicos fizeram uma partida quente no hóquei na grama masculino, repleta de lances ríspidos. Mas, assim como a lutadora de taekwondo, os adversários preferiram não tocar na questão política.

O jogo de hóquei entre os dois países foi precedido por um incidente com um jogador de hóquei da Argentina. Natural da ilha, Fernando Zylberberg incendiou a polêmica da questão Malvinas ao figurar recentemente em um comercial de televisão cujo slogan dizia: "Para ganhar em solo inglês, treinamos em solo argentino". Apoiada pelo governo federal, a peça publicitária exibia o atleta treinando no território de domínio britânico na América do Sul, beijando o solo da capital Port Stanley.

No entanto, apesar de ter participado da classificação para a Olímpiada, Zylberberg acabou não incluído na convocação do técnico Pablo Lombi para os Jogos de Londres.

UOL Cursos Online

Todos os cursos