Atentado terrorista na Somália mata presidente do comitê olímpico local

Das agências internacionais

Em Mogadiscio (Somália)

  • REUTERS/Feisal Omar

    Soldados somalis se posicionam à frente do Teatro Nacional de Mogadiscio, que sofreu um atentado

    Soldados somalis se posicionam à frente do Teatro Nacional de Mogadiscio, que sofreu um atentado

Um atentado terrorista em um teatro de Mogadiscio, capital da Somália, matou os presidentes do comitê olímpico local, Aden Yabarow Wiish, e o da Federação Somali de Futebol, Said Mohamed Nur, além outras vítimas.

As agências internacionais falam em dez mortos, enquanto o governo confirma apenas cinco vítimas, sendo uma delas a própria terrorista.

 Rebeldes do grupo Al Shabaab reivindicaram a autoria do atentado, que tinha como objetivo atingir a cúpula do governo do país. O primeiro-ministro Abdiweli Mohamed Alí discursava no local no momento das explosões.

O atentado foi cometido por uma mulher, que se passou por jornalista para acessar o encontro, estava com explosivos amarrados ao corpo e não resistiu à explosão. Em entrevista à emissora Al Andalus, que é controlada pelo Al-Shabaab, um porta-voz do grupo tratou o incidente como "ataque sagrado" feito por uma "brigada de mártires". "Seguiremos com este tipo de ataques até que todas as forças africanas abandonem a Somália", disse Abdulaziz Abu Musab. 

JOSEPH BLATTER, PRESIDENTE DA FIFA

Estou chocado com o ataque que fez vítimas e matou os presidentes da Federação de Futebol da Somália e do Comite Olímpico, que conhecia pessoalmente. Quero prestar uma homenagem aos seus esforços para promover o esporte e o futebol em seu país.

"Foi um ato covarde e que não vai impedir o governo de cumprir o seu dever. O primeiro-ministro vai apoiar o governo para eliminarmos os terroristas do nosso país", disse Abdirahman Omar Osman. O primeiro-ministro e os membros do governo que estavam ao lado dele no palanque não estão feridos. 

A Somália vive em intensa tensão social desde 1991, quando começou a guerra civil que assolou o país até meados do ano passado, quando a situação no país viveu momentos de instabilidade. Cheio de idas e vindas ao longo de vinte anos, o conflito interno ganhou contornos religiosos na última década. 

Em agosto do ano passado, guerrilheiros ligados ao grupo islâmico Al-Shabaab foram expulsos da capital por tropas do governo, que agiram com o apoio militar de outros países africanos, inclusive a Etiópia, acusada de instalar um governo de transição islâmica de uma corrente de pensamento contrária à adotada pelo Al-Shabaab.

COI, EM NOTA OFICIAL

Ambos os homens estavam engajados em melhorar a vida das pessoas somalis por meio do esporte e condenamos veementemente este ato de barbárie.

"O ataque foi algo estúpido", disse o primeiro ministro somali à emissora estatal SNTV. O Teatro Nacional, palco do atentado desta quarta, foi um símbolo da suposta pacificação da Somália. Em 19 de março deste ano, ele foi reaberto após vinte anos em um concerto que reuniu músicos que sofreram durante a longa guerra civil. 

A ameaça de reação do grupo Al-Shabaab, no entanto, nunca deixou de existir. Nas últimas semanas, o grupo comandou atentados terroristas por Mogadíscio que não atingiram a cúpula do governo, mas apenas civis. Depois de um desses atentados menores, que tinha como objetivo o palácio do governo, a organização disse que "mais bombas estavam por vir". 

 

"Estamos chocados de ouvir que o ataque terrorista tirou as vidas dos presidentes. Ambos estavam engajados em melhorar as vidas das pessoas da Somália pelo esporte, e nós condenamos fortemente este ato de barbárie", disse o Comitê Olímpico Internacional, em uma nota oficial. 

"Estou comovido por este este ataque que custou a vida, entre outros, do presidente da Federação Somali de Futebol e do presidente do Comitê Olímpico da Somália, que eu conhecia pessoalmente. Quero prestar homenagens aos seus imensos esforços para a promoção do esporte e do futebol em seu país. Sua desaparição nos deixa uma grande tristeza", disse Joseph Blatter, presidente da Fifa, em comunicado emitido logo após os ataques. 

"O governo nos mandou quatro convites para esta cerimônia. E dos quatro oficiais que vieram, dois estão mortos e os outros dois feridos. É um dia negro. Muita gente boa morreu aqui hoje", disse Kadija Dahir Aden, presidente da Federação Somali de Atletismo, à Reuters.

A Confederação Africana de Futebol também mandou condolências aos somalis pelo ocorrido. "É mais um dia negro para o futebol africano. É uma tragédia, e o futebol somali perde um grande líder, com boa visão e que estava ativamente comprometido com o desenvolvimento do futebol, apesar das condições muito desafiadoras", disse Issa Hayatou, presidente da entidade.

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