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Judoca brasileira tranca faculdade para dar gás em treino para Rio-2016

AP Photo/Julio Cortez
Campeã mundial em 2013, Rafaela Silva é hoje a oitava do ranking mundial entre as judocas de até 57kg imagem: AP Photo/Julio Cortez

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

A preparação de um atleta para os Jogos Olímpicos demanda uma série de sacrifícios. Nos últimos meses, então, é grande o leque de ações em busca de um gás a mais ou de um acerto específico para a competição. A judoca brasileira Rafaela Silva, 24, é um exemplo disso. Campeã mundial em 2013, a carioca trancou a faculdade de educação física para adicionar mais um turno de treinamento antes da Rio-2016.

Rafaela estava no segundo semestre da faculdade de educação física. Estudava de manhã e treinava em dois períodos depois disso. Em fevereiro, porém, decidiu interromper o curso superior para adicionar mais horas de prática esportiva. No caso dela, a preparação mais forte para os Jogos Olímpicos é uma tentativa de corrigir uma deficiência de luta no solo.

“Em 2014 e 2015 eu perdi algumas lutas no newaza [técnica de solo], e a CBJ me chamou atenção com isso. No Instituto Reação temos o Flavio Canto, que era especialista em newaza, o Geraldo Campos e o Paulo Caruso, que foram técnicos do Flavio, e uma atleta do Instituto Reação vinha perdendo várias lutas no chão. Então eu comecei a treinar o newaza e estou conseguindo algumas finalizações”, contou a judoca.

Com mais uma sessão de treinos, Rafaela também conseguiu intensificar o trabalho físico. A judoca agora treina com dois preparadores exclusivos. Nesse caso, a preocupação é com combates de duração mais longa: “Para bater de frente com as meninas em lutas de oito ou nove minutos, quando o placar fica empatado e vai para o Golden Score. Antes eu não conseguia vencer depois desse tempo”.

Rafaela já esteve nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, mas foi eliminada na segunda rodada. No ano seguinte, tornou-se a primeira brasileira a conquistar um título mundial de judô.

Depois disso, porém, a judoca não conseguiu manter a supremacia mundial na categoria até 57kg. No ano passado, foi eliminada na segunda luta do Mundial de judô de Astana (Cazaquistão).

Aquela competição serviu como mote para uma discussão sobre a preparação do judô nacional. Preocupados com a falta de resultados, a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) e o COB (Comitê Olímpico do Brasil) repensaram em uma série de aspectos a preparação dos atletas nacionais. A agenda mais intensa de Rafaela é parte disso.

“Nós fizemos uma grande reunião com os atletas, e o ponto de partida foi aquela reunião. Houve uma mudança muito grande de atitude, e de novembro para cá o time vem subindo de produção”, disse Ney Wilson, gestor-técnico de alto rendimento da CBJ.

No caso de Rafaela, a primeira demonstração de reação foi o ouro no Grand Prix de Tbilisi (Geórgia), em março. O resultado foi importante para a brasileira, que não fazia sequer uma final de circuito mundial desde fevereiro de 2015. Graças ao título, ela ganhou oito posições no ranking internacional e chegou ao oitavo lugar – os oito melhores da lista serão cabeças de chave na Rio-2016.

“Acho que para 2013 eu estava bem, mas eu estou treinando um pouco mais e venho tendo até mais resultados. Neste ano estou um pouco melhor. Fiz algumas competições, e na maioria eu saí com medalha”, avaliou Rafaela. “Fui eliminada na segunda rodada em Londres, e agora tenho mais uma chance de conquistar a única medalha que eu não tenho no nível internacional. E tenho essa chance em casa, o que é muito importante”, completou.

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