Cielo abre seletiva da Rio-2016 por provação pessoal e vaga em revezamento
Guilherme CostaDo UOL, no Rio de Janeiro
A despeito de ser o recordista mundial da prova (46s91 em 2009), Cesar Cielo, 29, não pretende nadar os 100m livre nas Olimpíadas deste ano, que serão realizadas no Rio de Janeiro. Ainda assim, a disputa da distância no Troféu Maria Lenk, última seletiva da natação brasileira para os Jogos, é fundamental para ele. O maior nome da modalidade no país em todos os tempos não tem índice para a Rio-2016 e vai estrear na competição classificatória na manhã desta segunda-feira (18), no Estádio Aquático Olímpico, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Para ele, vale por uma vaga no revezamento 4x100m livre. E, acima de tudo, servirá como um teste pessoal.
Cielo teve um ciclo olímpico extremamente conturbado até 2016. Trocou seis vezes de técnico, oscilou entre Brasil e Estados Unidos, mudou a estrutura de sua comissão técnica e acumulou fracassos na temporada passada. Foi destronado por Bruno Fratus em âmbito nacional, abdicou dos Jogos Pan-Americanos, abandonou o Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia) por uma lesão no ombro e fracassou na primeira seletiva da natação nacional, em Palhoça (SC).
Naquela qualificação, o roteiro de Cielo começou com o revezamento 4x50m livre (21s44 com saída lançada). No entanto, foi a disputa dos 100m o primeiro "momento nevrálgico" para o nadador em Palhoça. Ele fez a distância em apenas 49s55, 11º tempo da eliminatória, e não conseguiu classificação sequer para a disputa final. Horas depois do desempenho ruim, deixou o hotel em que estava hospedado e abandonou o torneio.
A frustração de Palhoça levou Cielo a mais uma mudança. O nadador tirou um período de folga nos últimos dias de 2015 e depois partiu para os Estados Unidos. Trocou a comissão técnica que havia montado por Scott Goodrich, com quem já havia trabalhado de 2013 a 2014, e resolveu fazer uma preparação mais fechada para a atual temporada.
A fase nos Estados Unidos também serviu para Cielo competir mais, algo que era um desejo da antiga comissão técnica do nadador. Ele chegou a nadar os 50m livre em 22s28 no GP de Austin, no início de abril – o índice da prova no Troféu Maria Lenk é 22s27.
O primeiro grande teste, porém, está reservado para esta segunda-feira. Cielo nadará e eliminatória dos 100m livre no Troféu Maria Lenk e terá de fazer a distância em 48s99 para obter índice olímpico.
A meta pessoal do nadador é fazer parte do revezamento brasileiro na disputa do 4x100m livre da Rio-2016. O país já está classificado e pode inscrever até seis atletas, mas existe uma nova regra em relação aos Jogos anteriores: neste ano, todos precisarão participar efetivamente da competição (ou nas eliminatórias, ou nas finais). Portanto, o Brasil só terá seis nadadores se todos estiverem com condições e marcas muito próximas.
A ideia atual da comissão técnica da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) é inscrever cinco nadadores no revezamento. Quatro já fizeram o índice (Alan Vitória, Marcelo Chierighini, Matheus Santana e Nicolas Nilo). Entretanto, a lista ainda não conta com alguns dos principais velocistas do país (Bruno Fratus e João de Luca, por exemplo).
Para Cielo, a prova desta segunda não vale apenas para se encaixar no time. É um teste pessoal – e não apenas em âmbito nacional. A última série da eliminatória terá a presença do canadense Santo Condorelli, 21, quarto colocado dos 100m livre no Mundial de esportes aquáticos de 2015, disputado em Kazan.