Rio-2016 ainda negocia mudanças estruturais em Engenhão e estádio aquático
Guilherme CostaDo UOL, no Rio de Janeiro
O velódromo é a arena do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, que tem cronograma de construção mais apertado. Contudo, essa não é a única preocupação do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos deste ano em relação a acertos estruturais para a competição. A 110 dias da cerimônia de abertura, a Rio-2016 ainda negocia mudanças significativas no estádio aquático e no Engenhão.
O maior problema no estádio aquático é o sistema de ventilação na área de competição, algo que tem motivado crítica de atletas. "Sabemos que a temperatura vai estar mais amena na época dos Jogos, mas está bem quente aqui", avaliou a nadadora brasileira Etiene Medeiros, por exemplo. A Fina (Federação internacional de esportes aquáticos) e a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) pleitearam durante muito tempo a inclusão de um ar condicionado no espaço, mas o pedido foi rechaçado pelo Comitê Rio-2016 e pela prefeitura do Rio de Janeiro.
O veto ao ar condicionado, entretanto, não encerrou a discussão sobre o local. O comitê organizador e o poder público municipal ainda conversam sobre a instalação de um paliativo – um sistema de dutos de ar que promova correntes de vento. Não há qualquer perspectiva de prazo para um acordo.
"A gente está numa negociação final. Ainda não tem o contrato assinado, mas tem a solução técnica feita. Não sei quanto vai custar, mas a gente está fechando a negociação sobre como dividir a conta", contou Gustavo Nascimento, diretor de instalações esportivas do comitê organizador.
A instalação de um sistema de ventilação é apenas uma das intervenções necessárias no estádio aquático. Também é preciso instalar uma cobertura e um equipamento de ar condicionado na área externa, onde fica a piscina de aquecimento. A diferença é que essas obras já têm projeto definido – e o mais importante, já se sabe que o comitê organizador custeará a implementação.
"Ao mesmo tempo em que isso era esperado, não nos preocupa tanto porque a gente tem soluções contratadas: cobertura e ar condicionado na piscina de aquecimento e o sistema de ventilação para o estádio", completou Nascimento.
Outro aparato que ainda tem questões pendentes é o Engenhão, palco do atletismo e de alguns jogos de futebol nos Jogos Olímpicos. O estádio vai receber entre os dias 14 e 16 de maio o evento-teste do atletismo (Campeonato Ibero-Americano), mas não ficará pronto até essa data.
"Vai ficar pronto. Vocês conhecem, acompanharam e sabem que houve uma discussão mais longa do que o esperado entre a prefeitura e o concessionário. Vamos correr agora para montar o evento", disse Nascimento.
"Nessa data, ainda não estarão prontas obras na estrutura do estádio, que seguirão em andamento, mas que não afetam a realização do evento-teste", explicou disse Martinho Nobre dos Santos, superintendente técnico da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e diretor de Atletismo dos Jogos do Rio 2016.
A instalação da pista de atletismo já começou e tem conclusão prevista para o próximo mês. Outros acertos precisam ser feitos, como a pintura das paredes e a adequação do espaço ao look dos Jogos Olímpicos. Na última semana, em reunião do Cocom (Comitê de coordenação dos Jogos), o Engenhão foi um dos equipamentos que o comitê organizador tratou como preocupantes – o outro foi o velódromo.
"A gente entende que há instalações que requerem mais atenção, e o estádio olímpico precisa. Estamos terminando a pista de atletismo na semana que vem, e o velódromo só no fim do mês", afirmou o diretor de instalações esportivas dos Jogos. "A pintura do Engenhão faz parte da mesma discussão de escopo. Isso ainda está em negociação, mas é uma negociação muito tranquila. Todo mundo tem limitações orçamentárias, e nós temos de encontrar soluções, mas o Engenhão precisa ter o aspecto visual de um estádio olímpico e vai ter esse objetivo alcançado. A gente tem pouco tempo, mas é o suficiente para resolver essas questões", completou.
O Engenhão foi construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, que foram sediados no Rio de Janeiro, e teve um custo estimado em R$ 380 milhões na época. A reforma para a Rio-2016 vai consumir outros R$ 52 milhões.