Rim da irmã e 4 litros de água por dia: ouro em Londres almeja pódio no Rio
Do UOL, em São PauloO norte-americano Aries Merritt é recordista mundial dos 110m com obstáculos e ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Londres, em 2012. Mas o obstáculo mais importante que ele superou nos últimos meses foi um transplante de rim. A cerca de um ano dos Jogos do Rio, Merritt contraria as expectativas médicas, faz um tratamento especial e já treina duro sonhando com um pódio histórico em terras brasileiras.
No ano passado, quatro dias depois de conquistar o bronze no Mundial de Pequim, o velocista recebeu o rim da irmã em uma cirurgia nos Estados Unidos. Foi a solução encontrada para combater uma doença genética rara que afeta muitos americanos afrodescendentes e reduziu o funcionamento do rim de Merritt a apenas 20%.
Segundo os médicos, o procedimento representaria o fim da carreira do campeão olímpico em alto nível. Por isso, ele encarou o Mundial de Pequim como uma eventual despedida das pistas. Mas cerca de sete meses depois, Merritt já treina forte e se cerca de cuidados para brigar por uma medalha no Rio.
Ele toma quatro litros de água por dia e evita todo alimento cru. Faz fisioterapia e tem acompanhamento médico para amenizar o incômodo no local da cirurgia, agravado quando faz movimentos de saltos. Tudo de olho nas eliminatórias americanas de julho que definirão vagas nas Olimpíadas.
“Foi muito difícil lidar mentalmente com tudo isso. Estou derrotando todas as apostas médicas. Eles me disseram que eu nunca correria novamente, mas superei as dúvidas sobre isso. Agora estou tão forte mentalmente que posso passar por tudo”, contou o velocista.
Essa força vem de dois anos totalmente distintos. Em 2012, foi campeão olímpico e estabeleceu o recorde mundial que permanece até hoje (12s80). Em 2013, descobriu a rara doença genética e terminou o ano internado no hospital. Foram sete meses precisando de cuidados diários.
Os tratamentos não foram suficientes, então Merritt decidiu encarar a cirurgia quando sua irmã se prontificou a doar o rim. Ele ainda não sabe se estará nas Olimpíadas do Rio, mas caso ganhe uma medalha, já sabe a quem dedicar. “Agora eu tenho um ‘corpo real’ novamente e isso é graças a ela. Se eu ganhar, direi a minha irmã: ‘Nós conseguimos’”.