Atraso em obras prometidas para Copa causa enchente no Maracanã
O Maracanã foi mais uma vez atingido por uma enchente neste final de semana. Palco da final da Copa do Mundo de 2014 e futura sede das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos Rio-2016, o estádio e seu entorno sofreram impactos diretos das chuvas que caíram sobre a capital fluminense na noite de sábado. Isso, porém, poderia ter sido evitado caso obras prometidas para o Mundial da Fifa já tivessem sido concluídas.
Por causa da Copa e também da Rio-2016, o prefeito Eduardo Paes conseguiu apoio do governo federal para dar início ainda em 2012 a uma série de intervenções para contenção de enchentes nos bairros vizinhos ao Maracanã. Todos os projetos estão orçados em quase R$ 590 milhões. Deveriam estar todos prontos em meados de 2014 --o que não aconteceu.
Quando o Mundial de futebol foi realizado no Brasil, só um dos cinco piscinões prometidos para a região do Maracanã havia sido inaugurado. A entrega do desvio do Rio Joana, obra essencial para o combate às cheias nos arredores do estádio, também havia sido adiada. Os projetos contra enchentes, então, viraram uma promessa olímpica.
Acontece que, faltando menos de 150 dias para o início da Olimpíada, a construção de um piscinão e a obra do desvio do Rio Joana seguem pendentes. Isso, segundo o próprio prefeito Eduardo Paes, colaborou para as cheias neste final de semana.
“Enquanto todo o projeto para controle de enchentes não estiver totalmente pronto, existe o risco de cheias”, admitiu Paes, nesta segunda-feira. “A gente já queria ter terminado tudo isso, mas estamos fazendo obras em áreas tombadas [no caso do desvio do Rio Joana]. Isso demora um pouco.”
Segundo Paes, tudo deve estar concluído até junho.
Vale lembrar que o desvio do Rio Joana era uma obra executada pela construtora Mendes Júnior. Envolvida em casos de corrupção apurados na Operação Lava-Jato, a empresa entrou em crise e abandonou o projeto em abril. A prefeitura realizou uma licitação emergencial para retomar o trabalho. O consórcio JDantas/Fábio Bruno assumiu o projeto.
Lama toma entorno do Maracanã
A cheia que atingiu a região do Maracanã deixou o entorno do estádio tomado por lama. Funcionários do Comitê Organizador Rio-2016, que hoje administra o estádio, encerraram no domingo o trabalho de limpeza dos arredores da arena olímpica.
Segundo o comitê, no sábado de noite, durante a enchente, trabalhadores desligaram a energia do Maracanã e levantaram elevadores para evitar maiores danos. A água chegou ao estádio, mas não causou danos.
O prefeito Eduardo Paes já afirmou por diversas vezes que as enchentes no Maracanã não devem ser encaradas como uma preocupação para a Olimpíada. Isso porque, em agosto, mês em que os Jogos Olímpicos serão realizados, não há registros de fortes chuvas no Rio de Janeiro.
De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura, no sábado, em algumas horas, choveu o equivalente a 45% do esperado para todo o mês de março.