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Cartão de Transporte Olímpico vai custar R$ 25

Estadão Conteúdo

Rio - A possibilidade de os governos estadual e municipal restringirem o acesso à futura Linha 4 do metrô, o principal meio de transporte de massa para se chegar à Barra da Tijuca, ao público da Olimpíada, durante o período dos jogos, divide opiniões: especialistas em mobilidade urbana consideram prudente não sobrecarregar o metrô, cuja inauguração está prevista para pouco antes do início dos jogos; moradores da Barra, um bairro que sofre com os engarrafamentos e onde o sistema é aguardado há muitos anos, reclamam por estarem sendo preteridos.

O chamado Cartão de Transporte Olímpico, com o qual será feito o embarque durante os dias de jogos, vai custar R$ 25, e poderá ser utilizado em outros meios de transporte, como ônibus e trens. Já o valor normal da passagem do metrô será de R$ 4,10 (hoje custa R$ 3,70, mas haverá aumento a partir de abril). O Estado e a prefeitura ainda não bateram o martelo sobre qual bilhete que será aceito na Linha 4 nos dias de jogos. Apenas três datas, 12, 16 e 17 de agosto, são considerados críticas para os deslocamentos, por concentrarem muitas competições.
 
"São só três semanas, mas é desrespeitoso e ofensivo com a população dar prioridade no metrô para quem puder pagar R$ 25. Vejo como uma anomalia", diz o aposentado Claudio Janowitzer, que mora junto à estação Jardim Oceânico, na Barra, e é articulador do movimento "O Metrô que o Rio precisa", que a partir de 2010 se posicionou em defesa de um traçado mais longo e racional da nova linha, independente da já existente Linha 1. O trajeto construído será General Osório (Ipanema) - Jardim Oceânico (Barra), com seis estações e paradas também nos bairros do Leblon, Gávea e São Conrado.
 
Especializado em planejamento de transportes, o engenheiro Ronaldo Balassiano, da pós-graduação em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, considera que só será possível abrir o metrô em toda a sua capacidade em agosto caso as obras sejam completamente finalizadas até o fim de maio. Isso porque restarão necessários testes técnicos e, em seguida, uma abertura gradual, num horário limitado, para que o sistema possa, enfim, suportar os 300 mil passageiros estimados por dia. O público olímpico é calculado em 450 mil pela Prefeitura; só os dias de pico, nos quais diversos estádios, espera-se, estarão lotados, devem concentrar 400 mil.
 
"Tem que testar todas as composições, portas, freios, todas as estações, roletas, escadas rolantes, sinalização. Depois é preciso fazer uma espécie de 'soft opening', para que não tenha nenhum problema, o que seria a pior propaganda que se poderia ter", explicou Balassiano. O engenheiro trabalhou por três anos no planejamento da mobilidade durante os jogos, na Empresa Olímpica do Município.
 
Por causa de problemas logísticos durante os cinco anos de perfurações, o cronograma do metrô está apertado. Ainda estão sendo feitas escavações em direção à Barra. Em visita às obras, na segunda-feira, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, disse que "é evidente que existe" a preocupação com o risco de a Linha 4 não estar pronta para os jogos. Balassiano lembra que o Comitê Olímpico Internacional sempre esteve "alerta" quanto a essa possibilidade.
 
O secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, disse que o Cartão de Transporte Olímpico começará a ser vendido em julho, e que outras cidades, como Sidney e Londres, também adotaram medidas restritivas em seus sistemas de transporte durante a Olimpíada. "A gente não estará tirando nada da população de que ela já usufrua, e sim estará protelando o uso ao público em geral, por respeito ao cliente olímpico, que precisa ser tratado com alguma prioridade, e também aos moradores. Já sabemos que o metrô vai abrir só em cima da Olimpíada, não haverá tempo hábil para muitos testes, e estará no limite de sua capacidade", afirmou Picciani.
 
O jornal O Estado de S.Paulo procurou Rodrigo Vieira, secretário de Transportes do Estado, que responde pela obra do metrô, para tratar do assunto, mas ele não deu entrevista. A secretaria, em nota, informou que "tem a responsabilidade de entregar a Linha 4 operando com passageiros em julho deste ano" e que "o planejamento operacional durante os Jogos Olímpicos será definido pelo COI e a Prefeitura." Confirmou ainda que "como em qualquer inauguração de linhas metroviárias no mundo, a Linha 4 começará a operar com capacidade reduzida e será ampliada gradativamente, conforme a migração dos usuários para o modal."

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