Principal velocista brasileira cai em doping por uso de anabolizante
Guilherme Costa, Leandro Carneiro e Luciano BorgesDo UOL, no Rio de Janeiro e em São Paulo
Uma dos principais nomes do atletismo brasileiro, Ana Cláudia Lemos, 27, foi flagrada em exame antidoping. A velocista, atual recordista brasileira e sul-americana dos 200m rasos, testou positivo para o anabolizante oxandrolona em exame feito durante um camping da seleção brasileira no Rio de Janeiro em fevereiro deste ano.
Também conhecida como Anavar, a oxandrolona é uma droga muito usada por praticantes de musculação. Trata-se de um esteróide DHT que é consumido por via oral e que tem baixo índice anabólico. Como a dosagem necessária é muito alta, a utilização é mais frequente entre as mulheres.
Ana já pediu abertura da amostra B, que foi coletada na mesma ocasião. Em nota oficial, a CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo) disse que o controle de doping no Brasil é exclusividade da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) e que já iniciou procedimentos disciplinares sobre o caso.
"O cronograma agora depende do laboratório e da agenda da atleta, que pode acompanhar todo o procedimento de análise da amostra B", contou Marco Aurélio Klein, secretário responsável pela ABCD.
Segundo o técnico da atleta, Katsuhico Nakaya, a relocista reagiu de forma enfática sobre a notícia. "Quando se tem culpa no cartório, você reage de outra forma. Como ela é inocente, ficou indignada. A Ana passa por seis ou oito exames todo ano, e nunca foi encontrado nada. Não tem sentido", ponderou.
Se o uso de doping for confirmado, Ana Cláudia pode ser suspensa e ficar fora dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro. "Eu confio nela. Ela é neurótica sobre isso", disse Nakaya.
De acordo com a CBAt, Ana Claudia ficará de fora da disputa do Campeonato Mundial Indoor, no próximo dia 17, para concentrar treinamentos nos Jogos do Rio de Janeiro. Ela já havia comunicado a ausência na competição antes da notícia.
Na temporada passada, a despeito de ter convivido com lesões e problemas físicos, Ana Cláudia teve o melhor tempo do Brasil nos 100m rasos (11s01, 23ª melhor marca do planeta no ano). Nos 200m, foi superada por Rosângela Santos, 26, com quem disputa a condição de principal velocista do país (Rosângela fez 22s77, e a melhor marca de Ana Claudia na distância foi um 23s08).
Questionado sobre o caso, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) Carlos Arthur Nuzman lamentou o ocorrido. "Sempre fico triste em ver uma atleta pega no doping", disse o dirigente.
De acordo com o regulamento da Wada, um atleta pode pegar pena maxíma de até quatro anos quando faz uso de uma substância dopante de maneira intencional. A mesma pena é usada quando mais de uma substância é encontrada em seu organismo.
Em nota, a CBAt informou que qualquer comunicação sobre casos de doping são de responsabilidade da ABCD. Veja a nota:
A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) vem a público para esclarecer o que segue:
Desde o início deste ano, os controles de dopagem feito com atletas e nos eventos oficiais do calendário da CBAt são realizados pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). O material colhido (sangue e urina) é enviado pela ABCD ao Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD).
A comunicação de qualquer resultado adverso é feita diretamente pela ABCD. Somente depois de todas estas providências a CBAt é comunicada.
Após o cumprimento de todas as regras e normas da WADA/IAAF no período inicial de gestão do resultado, em que a confidencialidade é obrigatória, em caso de um resultado confirmado como positivo pela ABCD, a CBAt inicia os procedimentos disciplinares, com o encaminhamento do caso ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), para julgamento.