! Novo Phelps ressurge guiado por mulheres de sua vida e supera rancor do pai - 09/03/2016 - UOL Olimpíadas

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Novo Phelps ressurge guiado por mulheres de sua vida e supera rancor do pai

José Ricardo Leite

Do UOL, em Baltimore*

“Olá garotos, como vocês estão, tudo bem?” Assim chega o sorridente Michael Phelps, acompanhado de um copo de café, para uma bateria de entrevistas na sede de um dos seus patrocinadores. Cada passo é registrado de perto por sua noiva, Nicole Johnson. A ex-miss Califórnia, grávida de seis meses, e a mãe do nadador não desgrudam de seus passos. A alegria e companhia das duas mulheres de sua vida simbolizam a nova fase, de ressurreição.  

Não que Phelps já tenha tido comportamentos explosivos e mal-educados. Mas agora aparenta estar totalmente recuperado dos problemas com álcool e psicológicos que o levaram a ficar internado em uma clínica durante 45 dias no ano passado após ser detido pela polícia embriagado. Naquele período, teve depressão e chegou a declarar que não tinha mais vontade de viver. Agora, o maior medalhista olímpico de ouro da história– tem 18 no total -- se apega cada vez mais na família e curtindo a futura fase como pai (Nicole está grávida de seis meses).

Não faltam palavras para descrever que vive o melhor momento de sua vida. “Estou mais relaxado, mais feliz. Tenho muitos amigos e pessoas por trás e isso tudo tem ajudado nessa performance. Tenho tido muito apoio de toda minha família e amigos”, falou. “A diferença é como me sinto, cada vez melhor e com mais energia. É um ano cheio. Eu vou me casar, minha irmã vai se casar, tem Jogos Olímpicos”, prosseguiu.

A cada palavra emotiva, olhares direcionados para a mãe e a noiva, que chegaram a chorar assim que foi rodado no evento um vídeo promocional do patrocinador que mostrava momentos de superação do nadador. “É uma boa oportunidade de mostrar quem eu sou. É muito caro, custoso, vivenciar tantos momentos estressantes.” As duas sempre foram exaltadas por ele pela ajuda e apoio emocional no período de recuperação.

José Ricardo Leite/UOL
Michael Phelps e a noiva, Nicole Johnson imagem: José Ricardo Leite/UOL

Durante o “exílio” que passou na clínica, em certo momento Phelps teve a oportunidade de convidar pessoas para visitá-lo após um tempo sozinho obrigatório. Escolheu a mãe, a noiva e seu pai. Chegou a crer que o pai recusaria o convite pela relação fria e brigas que tiveram. “Pra mim sempre foi difícil não ter um pai. Chamei e queria que ele fosse, mas não sabia se ele iria até lá”, falou em entrevista à revista americana Sports Illustrated, em novembro de 2015.

Fred Phelps se separou de Debbie quando Michael tinha apenas nove anos, algo que ele demorou muito para superar. Chegou a ter mágoa do pai pela ausência em sua vida, como quando ele não foi aos Jogos de Pequim, em 2008, ver o filho brilhar e colecionar recordes porque tinha compromisso com sua segunda mulher. Há alguns anos, o histórico atleta olímpico recusou o convite do pai para ser padrinho de seu terceiro casamento, o que deteriorou ainda mais a relação e fez com ela ficasse congelada por um tempo.

Mas o novo Phelps agora releva o passado. Sabe que momentos como o da última terça, tendo apenas a noiva e a mãe como acompanhantes, acontecerão por muitas vezes. Compreende a distância e se contenta com trocas de mensagens via celular. Sem mágoas, quer que Fred participe da melhor maneira nas relações com o futuro neto.

“Para mim, ser capaz de reconstruir amizade com meu pai sempre foi algo que quis, foi desafiador fazer isso. Nós mandamos mensagens um a outro, nos falamos. (A relação ruim) É algo que não aconteceu por um longo tempo. Agora é uma experiência completamente nova, mas da qual estou orgulhoso. Amo que meu pai faça parte da minha vida e futuramente faça parte da vida da minha criança também. Aprendi com estas experiências. Tiro das coisas que não gostei quando era criança para ser o melhor pai que puder ser”, falou.

A nova versão de bem com a vida do nadador é o grande trunfo para ampliar ainda mais, nos Jogos do Rio, o extenso número de medalhas (22, sendo 18 de ouro) que lhe dão o recorde de maior vencedor olímpico. Motivação não é problema.

“Vocês pensam que sou uma zebra? Honestamente, não sei mesmo. Vocês podem responder. Consegui resultados muito bons no último verão. Para mim, o meu nado é melhor feito do que falado. Conseguir os primeiros tempos foi empolgante e mostrou que isso pode acontecer, que posso fazer o que tenho em mente. Passei por momentos frustrantes no ano passado, mas nunca desisti. As coisas estão indo melhor agora”, finalizou.

Phelps precisará garantir a classificação para a Olimpíada durante a seletiva americana em Omaha, entre o fim de junho e o começo de julho. Mas isso não deverá ser uma grande dificuldade para o maior medalhista olímpico da história, dono de 18 ouros. Mesmo após longo tempo parado, ele terminou o ano passado com os melhores tempos nos 200 m medley, 100 m borboleta e 200 m borboleta, isso sem participar do Campeonato Mundial de Kazan. Ele não foi escalado pela federação americana por ter sigo pego dirigindo bêbado no fim de 2014.

*O repórter viajou a convite da Under Armour

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