Golfe em área ambiental exige cuidado de atleta em teste da Rio-2016
Vinicius KonchinskiDo UOL, no Rio de Janeiro
"Aqui é a casa dos animais. Nós somos os visitantes." Com essa frase, Tania Braga, gerente geral de sustentabilidade do Comitê Organizador Rio-2016, recebeu jornalistas e convidados que compareceram nesta terça-feira (8) ao evento-teste de golfe, realizado no campo recém-construído especialmente para a Olimpíada.
Localizado em uma área de proteção ambiental, o campo também é habitat de dez espécies raras da fauna carioca e outros 12 tipos raros de planta. Por isso, precisa de cuidados especiais, os quais incluem até orientação de atletas sobre como eles devem agir quando estiverem competindo na instalação olímpica.
Para o evento-teste, os nove atletas participantes, todos brasileiros, foram informados sobre a importância ambiental da área do campo. Foram orientados também a manter a calma caso cruzem jacaré, por exemplo, bicho que é frequentador comum do campo.
"O campo de golfe é a área mais ambientalmente sensível da Olimpíada. O cuidado aqui é redobrado", justificou Tania "Treinamos nossos trabalhadores e passamos informações a atletas. É proibido fumar, pisar em certos locais e a atenção com o lixo deve ser redobrada."
O campo de golfe da Rio-2016 é um dos projetos mais polêmicos dos Jogos Olímpicos justamente por conta da questão ambiental. O Ministério Público pediu na Justiça, em 2014, a paralisação da obra alegando que destruiria mata nativa e prejudicaria à fauna.
A Prefeitura do Rio contesta a tese do MP nos tribunais. Um inspeção ao campo realizada em dezembro à pedido da Justiça concluiu que o campo trouxe benefícios ao ambiente.
Isso, contudo, não significa que o processo sobre a obra esteja encerrado. Muito menos que a área não demande cuidados específicos para sua utilização.
"Na Olimpíada, os voluntários estarão todos treinados para orientar o público sobre o ambiente", complementou Tania. "Espectadores poderão ainda fazer um tour ambiental pela instalação para conhecer um pouco da fauna e flora do local."
Teste sem golfistas estrangeiros
O evento-teste de golfe da Rio-2016 conta com a participação de nove golfistas brasileiros. Nenhum estrangeiro veio ao Brasil participar do torneio amistoso já que a temporada da modalidade está em plena realização, disse o presidente da CBG (Confederação Brasileira de Golfe), Paulo Pacheco, que está no Rio.
Inicialmente, o teste de golfe para a Olimpíada aconteceria em novembro. O evento, porém, foi adiado para que a grama do campo tivesse mais tempo para crescer.
Pacheco e o presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Nuzman, disseram que hoje o campo está em perfeitas condições para a Olimpíada. Alguns acabamentos ainda serão feitos no clube-sede do torneio olímpico, mas isso não os preocupa.
O clube, aliás, também foi elogiado por Pacheco. A construção imponente destoa da simplicidade de outras arenas olímpicas. Abrigou nesta terça só convidados, que desfrutaram de salas climatizadas para canapés, banheiros espaçosos e mais comodidades.
"É uma sede bonita, mas que não foi construída com dinheiro público", ressaltou Pacheco. "O Brasil tem que se orgulhar de ter um espaço como este."
Patrocínio para manutenção
Após a Olimpíada, a CBG administrará o campo de golfe do Rio. A intenção da entidade é pagar os cerca de R$ 300 mil por mês necessários para a manutenção com dinheiro arrecadado com torneios e patrocínio.
A entidade, porém, ainda não sabe que empresa está disposta a investir no golfe. Recentemente, a CBG pediu à prefeitura apoio para manter o campo até a Rio-2016. "Pedimos uma ajuda. Temos alguns ajustes para fazer até a Olimpíada. Não seria nada muito custoso", explicou Pacheco.
O ministro do Esporte, George Hilton, afirmou que o campo será um grande legado da Olimpíada para o Rio. O ministério estuda uma parceria com a CBG para financiar projetos sociais e esportivos da entidade na capital flluminense.