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Atualizada em 19.02.2016 18h32

Fina reclama e diz que pode mudar local de teste da natação para Rio-2016

Guilherme Costa e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

Além de ser a última seletiva da natação brasileira para os Jogos Olímpicos, o Troféu Maria Lenk deste ano servirá como evento-teste para a Rio-2016. No entanto, é possível que não sirva como prova em todos os aspectos. Segundo a Fina (Federação Internacional de Natação), a obra do centro aquático olímpico está atrasada e já existe até um plano B para a seletiva.

"Visitamos a obra há alguns dias, e única coisa que não temos certeza é se vai estar tudo pronto para o evento-teste. Como a data não pode ser alterada, já que essa vai ser a seletiva do Brasil para os Jogos Olímpicos, estamos trabalhando com um plano B, que é realizar o torneio aqui [no Centro Aquático Maria Lenk]", disse Cornel Marculescu, diretor-executivo da Fina, durante o evento-teste dos saltos ornamentais.

"A questão é o todo. O complexo envolve área de competição e uma série de outros aspectos, como espaços funcionais", completou Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

As próximas vistorias de CBDA e Fina no centro aquático olímpico estão marcadas para os dias 5 e 15 de março. "Temos até lá para acertar algumas questões. Não existe uma preocupação, mas é um cronograma que envolve muitos detalhes", adicionou Moura.

O evento-teste da natação acontecerá entre os dias 15 e 20 de abril e está marcado para o centro aquático olímpico. "As obras estão andando, e nós sabemos que todos estão trabalhando muito. Mesmo assim, precisamos ter um plano B", avisou Marculescu.

Em contato com o UOL Esporte, o Comitê Rio-2016 disse que não há qualquer possibilidade de transferência ou adiamento do evento-teste da natação. Além disso, negou que exista um problema com o cronograma das obras. Segundo a prefeitura, a obra tem 98% de conclusão (estimativa do dia 19/02). "Não existe o menor risco de o estádio aquático não ficar pronto para o evento-teste", disse o prefeito Eduardo Paes.

Entretanto, as declarações de Marculescu contribuem para desgastar uma relação que já vem sendo problemática. Entre as confederações que representam modalidades, a Fina é uma das que têm mais problemas de relacionamento com o Comitê Rio-2016.

A cisma já teve como principal foco a sede do polo aquático nos Jogos Olímpicos. A primeira fase da modalidade seria realizada no Julio Delamare, que deixou de ser instalação olímpica, e o comitê organizador pensou em transferir as partidas para o centro aquático olímpico. Contudo, como os jogos coincidiriam com a semana inicial da natação, a entidade chegou a cogitar levar essa etapa do torneio para o Parque Olímpico de Deodoro, na piscina usada pelo pentatlo moderno.

A opção da piscina de pentatlo moderno foi descartada por causa de áreas de aquecimento e vestiários. Com isso, o comitê acomodou polo aquático, nado sincronizado e saltos ornamentais no Centro Aquático Maria Lenk, o que desagradou a Fina.

Além de ter reclamado de ter três modalidades em um mesmo espaço, a Fina não gostou da falta de cobertura no Maria Lenk e do projeto arquitetônico do centro aquático olímpico. O aparato tem 18 mil lugares, mas ao menos 7,8% de pontos cegos.

"Não são 18 mil, na verdade. São 15 mil lugares, e desse total nós temos 4 mil pontos cegos. Entre os que sobram, ainda precisamos tirar espaços de mídia e atletas, o que nos deixa com oito mil lugares", disse Marculescu nesta sexta-feira (19).

O Troféu Maria Lenk já havia sido razão de polêmica por causa da liberação para venda de entradas. A ideia original do Comitê Rio-2016 era fazer a competição aberta ao público, mas isso causou um problema com a CBDA. A entidade nacional alegou que isso encareceria demais o evento e disse não ter orçamento suficiente para isso.

Em novembro do ano passado, CBDA e Comitê Rio-2016 tiveram reuniões sobre os custos do evento-teste. A entidade que comanda a natação disse que poderia bancar os custos que o torneio representaria se fosse realizado numa piscina menor e com menos público. Os organizadores, que estavam em fase de revisão e enxugamento de custos, não aceitaram assumir esses valores. No fim, as duas entidades decidiram fechar o Troféu Maria Lenk, que terá espaço apenas para convidados nas arquibancadas.

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