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Atualizada em 25.05.2016 13h12

Medalhistas do judô estão pressionados: a vaga para Rio-2016 está em risco

Flavio Florido/UOL
Leandro Guilheiro, dono de duas medalhas olímpicas, está longe da vaga na Rio-2016 imagem: Flavio Florido/UOL

Fábio Aleixo e Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

Carro-chefe do COB (Comitê Olímpico do Brasil) para os Jogos do Rio de Janeiro, a seleção brasileira de judô conta em suas fileiras com sete atletas que já ganharam medalhas em Olimpíadas. Mas a seis meses dos Jogos e a quatro do fechamento do ranking classificatório (em 30 de maio), cinco deles precisarão ralar duro e mostrar potencial para carimbarem a vaga na disputa interna, uma vez que o Brasil já está garantido nas 14 categorias: Felipe Kitadai, Leandro Guilheiro, Tiago Camilo, Rafael Silva e Ketleyn Quadros.  Neste sábado e domingo, o Grand Slam de Paris (FRA), primeira grande competição do ano, será uma nova oportunidade para alguns deles somarem pontos preciosos na corrida. O campeão leva 500.

No ranking atual, apenas Sarah Menezes – ouro em Londres-2012 - e Mayra Aguiar – bronze também em Londres -  lideram as suas categorias (até 48kg e até 78kg, respectivamente) entre as brasileiras. Sarah leva 400 pontos de vantagem sobre Nathalia Brigida, e Mayra só perderá a vaga por uma catástrofe. Tem 1.152 de frente para Samanta Soares.

Quem vive a situação mais delicada de todas é Guilheiro, na categoria até 81kg. Bronze nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008, o experiente judoca de 32 anos soma apenas 224 pontos na corrida olímpica contra 1.086 de Victor Penalber. Neste fim de semana não competirá em Paris, diferentemente do compatriota.

“Por toda a sua bagagem, o Guilheiro é um atleta que não pode ser descartado, é um judoca que está acostumado a surpreender. Mas temos de reconhecer que a situação dele é bem complicada. Mas seguimos acreditando nele, tanto que faz parte da seleção e está incluído nas viagens que faremos neste ano. Além disso, a sua presença na seleção ajuda aos demais, por toda a experiência que tem”, disse ao UOL Esporte Ney Wilson, gestor técnico de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

“É possível (recuperar esta desvantagem), mas não me foco na distância, na questão de pontos. Me foco muito no meu desempenho. Hoje eu sei que se eu lutar bem, como eu sei que eu posso, os resultados vão acontecer. E até o fim do ranqueamento vai ter muita competição valendo muito ponto. Então eu não preciso de nenhum milagre para ir à Olimpíada, eu preciso fazer a minha parte. Para você ter uma ideia: a gente tem 3 Grand Prix, são 900 pontos. São dois Grand Slam, são 500 pontos. Pan dá 400. Masters é 700 pontos. Tem muita coisa para rolar”, afirmou Guilheiro, que  tem sofrido com problemas constantes no joelho direito. Em dez meses, passou por quatro cirurgias.

“Primeiro, se fala muito de Olimpíada no Brasil. Olimpíada é Olimpíada, eu não estou pensando nisso. Não é mais importante por ser no Brasil e não estou treinando com mais afinco por ser no Brasil. Se fosse Olimpíada de Bagdá eu treinaria igual, com a mesma vontade e afinco. A segunda coisa é que eu acordo todo dia em uma situação diferente dos últimos 3 ciclos. Tive grande parte do ciclo machucado, tive de me reinventar... Tem dias que são absolutamente frustrantes, você volta e nada dá certo. Eu nunca tive uma sequência de resultados negativos como eu estou tendo agora. Minha cabeça hoje funciona na próxima competição, no próximo dia. É sempre assim. Eu penso em lutar, fazer o meu. Eu busco não dar espaço pra coisa negativa na minha cabeça”, refletiu.

REUTERS/Kim Kyung-Hoon
Rafael Silva trava disputa acirrada com David Moura imagem: REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Dos homens que já ganharam medalhas, Tiago Camilo (até 90kg) e Rafael Silva, o Baby, (acima de 100kg) são os que travam as disputas mais acirradas. Camilo está dois pontos atrás de Eduardo Betoni, que disputará o Grand Slam deste fim de semana. Já Rafael tem 248 de desvantagem para David Moura. Ambos estarão em ação em Paris e têm boas chances de levarem o ouro, uma vez que o favorito absoluto Teddy Rinner não participará do evento.

“Tenho de pensar sempre na próxima competição. Então, Paris é meu próximo evento e vou dar meu melhor para me sair bem lá. Se conseguir melhorar de competição em competição e, claro, conseguir uma constância de bons resultados, terei a vaga olímpica como recompensa. Agora, realmente, os pontos ficam de lado e vou me preocupar apenas com o ganho dos atributos que estou com dificuldades: ganhar confiança, melhorar a constância nas lutas e ganhar este ritmo de competição que a lesão me tirou”, afirmou Baby, que ficou sete meses afastado do tatame por causa de uma lesão no peito e só voltou a lutar há duas semanas e foi eliminado  logo na estreia do Grand Prix de Havana (CUB).

Bronze em Londres, Felipe Kitadai (até 60 kg) está a 323 pontos de Erik Takabatake. Ele lutará na França neste fim de semana, diferentemente do concorrente. “A definição de quem disputará cada competição é feita de acordo com o planejamento de treinos e discussões da comissão técnica. Evamos em conta uma série de fatores, como por exemplo, a prevenção de lesões. Com exceção do Campeonato Pan-Americano, em nenhuma competição antes da Olimpíada iremos com a equipe completa”, afirmou Ney Wilson.

Ainda entre as medalhistas que não vão levando vantagem na disputa olímpica está Ketleyn Quadros, bronze em Pequim-2008 na categoria até 57kg. Sem chances este peso, dominado por Rafaela Silva, ela optou no ano passado por subir para a categoria até 63kg. Mas no momento está a 43 pontos de Mariana Silva. Há quatro anos, ela não conseguiu a classificação para Londres.

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