CBB leva jogadoras a tribunal para explicarem boicote
Fábio Aleixo, Fábio Balassiano e Pedro Ivo AlmeidaDo UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro
Por pressão da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), sete jogadoras que pediram dispensa do evento-teste da Olimpíada foram intimadas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a prestar esclarecimentos. A audiência está marcada para a próxima quinta-feira (21), a partir das 13h, no Rio de Janeiro.
As jogadoras chamadas para depor são: Adrianinha, Tainá Paixão e Tati Pacheco (América de Recife), Gilmara e Joice (Americana/Corinthians), Jaqueline e Tássia (Santo André). Todas foram intimadas por e-mail. As sete atletas alegaram motivos pessoais para não se apresentarem.
Segundo o UOL Esporte apurou, a CBB agiu nos bastidores para que as jogadoras fossem intimadas pelo STJD. A intenção não é a de punir as atletas, mas sim tomar uma ação contra os clubes protagonistas do boicote. A ideia de realizar a oitiva partiu de Paulo Schmitt, consultor jurídico da CBB.
Em nota oficial nesta terça-feira (19), a CBB negou ter participação nas intimações e descartou adotar qualquer represália contra as atletas que pediram dispensa do evento-teste.
"A CBB, em respeito ao STJD do Basquetebol, rejeita e repudia qualquer insinuação sobre influência em decisões e procedimentos adotados por essa unidade autônoma da Justiça Desportiva. Não há que se confundir a obrigação legal de custeio das atividades do Tribunal, com ingerência e intromissão sobre essas atividades", disse a entidade.
"A CBB reitera sua posição de não punir, no âmbito da entidade, nenhuma atleta por aquele episódio, entendendo que as atitudes daquelas atletas não refletiram a real vontade e intenção de cada uma delas", completou.
Dos seis clubes que disputam a LBF, apenas o Sampaio Basquete (MA) liberou jogadoras para defender a seleção. Corinthians/Americana, América de Recife, Santo André, Presidente Venceslau e Maranhão Basquete aderiram ao movimento. As duas últimas agremiações, porém, não tiveram atletas chamadas.
O boicote ao evento-teste fez a CBB fazer uma convocação de emergência às vésperas do torneio, no qual o Brasil terminou no segundo lugar após vencer Venezuela e Argentina e perder da Austrália.
A audiência pode esvaziar a rodada de quinta-feira da LBF, que terá o duelo entre Corinthians/Americana e Presidente Venceslau no interior de São Paulo e América x Maranhão no Recife.
Ao longo dos últimos anos, a CBB recebeu diversos pedidos de dispensa, principalmente na seleção masculina com Nenê, Leandrinho, Tiago Splitter e Anderson Varejão. Em nenhum caso, ela levou os atletas ao STJD.
O boicote ao evento-teste fez a CBB fazer uma convocação de emergência às vésperas do torneio, no qual o Brasil terminou no segundo lugar após vencer Venezuela e Argentina e perder da Austrália.
Intimação revolta dirigente 'rebelde'
Um dos líderes do colegiado de clubes em litígio com a CBB, o gestor do Corinthians/Americana reagiu com ironia e indignação à intimação da CBB junto ao STJD. Em sua conta no Facebook, o dirigente atacou a entidade e seus cartolas, jogadoras e até mesmo uma das equipes rebeldes: o América-PE contratou a pivô Érika, uma das atletas que defendeu a seleção no evento teste, o que foi considerado uma 'traição ao movimento'.
Confira a íntegra do desabafo de Molina:
# luto pelo basquete feminino#
Descobri que realmente eu estou errado. Realmente não conheço basquete e nem as pessoas e peço desculpas por ter errado tanto.
Tenho que reconhecer: CBB ganhou o jogo. Carlos Nunes, Vanderlei, Barbosa e Adriana Santos. Todos de parabéns pelo "patriotismo" e pela lição que deram a todos nós por tamanho exemplo de comprometimento ao Brasil. Foi lindo de ver. Até porque nenhum destes trabalhou em clubes e não imagina que por aqui o basquete feminino está lindo.
A Federação Paulista, o sr. Enio, está realmente certo. Tem que estar no Rio com a CBB ao invés de cuidar dos clubes paulistas que estão se matando para se manter de pé e pedindo respeito ao basquete feminino. Eles reclamam muito, presidente. Está tudo ótimo, poxa.
Parabéns à Liga de Basquete Feminino dos clubes, que dos clubes não têm nada. Segue a ordem da maior e ponto.
Parabéns ao agente Fabio Jardine por orquestrar tamanha aberração. Muita maestria. Trazendo a desempregada Erika, que já estava empregada antes de ir para a seleção e vendeu como a patriota que saiu da Turquia pela nossa bandeira. Muito bom. Por coincidência, mesmo agente da Clarissa. Mas é só coincidência. O cara é realmente bom.
Parabéns às atletas que lá estiveram na seleção. Isso que é patriotismo. Baita exemplo. Baita referência para as novas gerações.
Olha, é tanta gente para parabenizar. Parabéns aos clubes por se manterem de pé com tanta dificuldade. Alguns até não medindo o preço e ações para ganhar o campeonato. Deixo aqui um abraço antecipado.
Olha, é uma lista de pessoas que realmente amam o B$SQU$TE feminino. Quanta gente preocupada com o basquete feminino. Isso é muito bom. Tem CBB, tem LBF que não é dos clubes, Federação Paulista.
Poxa, fico aliviado por tanta gente boa cuidando do basquete feminino. Um baita agente cuidando de 99% das atletas brasileiras usando da melhor forma de tirar ótimos C$ontrat$os. Para o bem das atletas, claro.
Quanto à nossa torcida, ainda não sei dizer se teremos jogo nesta quinta pois, através do STJD , a CBB (aquela que o Vanderlei e o Barbosa disseram que respeitou as dispensas) intimou as atletas que pediram dispensa a estarem no RIO justificando as dispensas exatamente no mesmo dia do nosso jogo. Então não sei se teremos 5 jogadoras em quadra.
Tô aliviado. Acho que fui até injusto com todo esse povo. Desculpem. Vocês fazem o melhor pelo basquete feminino. Isso me deixa muito tranquilo para cuidar das minhas jogadoras e comissão técnica que priorizaram estar em Americana, jogar para nossa torcida e patrocinadores, de pé e até o fim.
Hoje tive a certeza absoluta de que, com tanta gente boa, não preciso me preocupar com o basquete feminino e nem falar mais sobre o assunto.
Um abraço a todos. Até!