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Ex-presidente da Wada diz que escândalo do atletismo é 'pior' que o da Fifa

DAVE CHIDLEY / AP

Da AFP, em Londres

O canadense Dick Pound, ex-presidente da Agência Mundial Antidoping (Wada), afirmou nesta sexta-feira que o escândalo de doping e corrupção que abala o atletismo é "pior" do que o da Fifa, e chamou dirigentes de "lixo".

"Salvo raras excepções, nunca vi presidentes de federações esportivas internacionais tão envolvidos na corrupção. Na IAAF, eles não mexem apenas com finanças, como é o caso dos caras da Fifa", afirmou o canadense em entrevista ao jornal britânico The Times.

"Nesse sentido, podemos dizer que é pior. É verdade que há menos dinheiro em jogo, mas isso certamente afeta os resultados esportivos, e isso é muito pior. O que está em jogo é a integridade das competições. Vocês tinham que ver o que esses lixos fizeram", disparou.

Pound é presidente da comissão da Wada que soltou no dia 9 de novembro um relatório bombástico que denunciou um esquema de doping organizado na Rússia, envolvendo dirigentes da IAAF, acusados de encobertar o caso.

Quatro dias depois, a IAAF seguiu a recomendação da comissão e suspendeu o atletismo russo de todas as competições internacionais, o que pode colocar em perigo a participação de competidores do país nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

A segunda parte do relatório será divulgada no dia 14 de janeiro, e deve causar outro terremoto, com revelações de problemas de doping no Quênia, líder do quadro de medalhas no Mundial de Atletismo de Pequim, em agosto.

A metralhadora giratória de Pound não poupou nem as lendas do atletismo Sebastian Coe, presidente da IAAF, e Serguei Bubka, que perdeu a última eleição para o britânico, que eram vice-presidentes na gestão de Lamine Diack, indiciado pela justiça francesa por "corrupção passiva e lavagem de dinheiro".

"Coe e Bubka já estavam lá. A IAAF é uma organização do século XXI governada como no século XIX. Eles tiveram a oportunidade de cuidar dos problemas há muito tempo", acusou.

Na última quinta-feira, três altos dirigentes da IAAF foram banidos para sempre do esporte, incluindo um dos filhos de Lamine Diack, Papa Moussata Diack.

Os outros dois são os russos Valentin Balakhnichev, tesoureiro da IAAF até dezembro de 2014 e ex-presidente da federação de seu país, e Alexei Melnikov, ex-técnico nacional da marcha atlética.

Um quarto ex-dirigente, o médico francês Gabriel Dollé, que comandou a luta contra o doping na IAAF até o fim de 2014, também foi considerado culpado, mas em menor medida, e teve pena de suspensão de cinco anos solicitada pela comissão.

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