Duda recebe prêmio e apoia técnico em troca de farpas com confederação
Gustavo FranceschiniDo UOL, em Herning (Dinamarca)
Morten Soubak fez duras críticas à estrutura do handebol brasileiro. Depois da eliminação do Brasil no Mundial de handebol na Dinamarca, o presidente da CBHb (Confederação Brasileira de Handebol), Manoel de Oliveira, rebateu. No meio da troca de farpas, Duda Amorim, a melhor jogadora do mundo em 2014, sabe quem apoiar.
A armadora falou à imprensa no intervalo da final do Mundial, entre Noruega e Holanda, quando recebeu o cheque de 10 mil euros pelo prêmio individual referente à temporada passada. Em um primeiro momento, ela tentou se esquivar da polêmica.
“Eu não ouvi o que ele falou exatamente. Se ele falou que a situação está ruim, é a verdade. Agora se ele atacou a seleção, aí eu não sei porque é o lugar onde ele trabalha”, disse Duda. Quando foi alertada pelos jornalistas de que as críticas não foram direcionadas ao time, se sim à estrutura do esporte no país, ela se posicionou de maneira mais incisiva.
“Isso é uma verdade. Acredito que a gente não precisa se magoar por isso. Infelizmente é a nossa realidade. Talvez a presidência levou isso como sendo um ataque, mas para mim é só a realidade. Infelizmente nosso handebol não evoluiu e a nossa liga não é boa”, disse Duda.
A polêmica começou com a entrevista que Morten Soubak concedeu ao UOL Esporte. “Antes, diziam: 'Vocês vão ter algo depois de conquistarem um título'. Não é verdade. O handebol do Brasil só piorou depois do Mundial de 2013. A Liga Nacional tem poucos times e é muito curta. Eu não vejo clubes, cidades ou Estados investirem no handebol. É só fala”, disse o treinador, um dia depois da estreia da seleção no torneio.
A CBHb contra-atacou somente depois do fim da participação brasileira. Na semana passada, em entrevista ao ESPN.com.br, Manoel de Oliveira disse ter sido pego de surpresa com a fala de Morten e discordou de que o handebol brasileiro tenha piorado, ainda que tenha concordado com as críticas do técnico à Liga nacional.
O cartola ainda foi mais longe ao deixar o futuro de Morten no cargo da seleção em aberto. Apontado de maneira quase unânime por todos da seleção como o responsável pela evolução brasileira até o título mundial de 2013, o treinador agora está em xeque até para a Rio-2016.
A fala de Duda é um apoio importante a Morten. Uma das mais experientes, a armadora é líder do elenco e foi a única brasileira convidada a participar da cerimônia de encerramento do Mundial. O prêmio individual, no fim, serviu de compensação diante da frustração com o resultado.
“É amargo assistir a essa final, mas também é importante individualmente. Para o grupo é ruim porque a gente sabe da nossa capacidade. Para a gente foi uma decepção, nosso grupo sabe que podia mais. Agora é olhar pra frente e pensar a Olimpíada”, disse Duda.