Cinco explicações para a queda precoce do Brasil no Mundial de handebol

Atual campeão, o Brasil era cotado como um dos favoritos para o Mundial de handebol na Dinamarca. O primeiro mata-mata do torneio, porém, foi o bastante para derrubar a seleção verde-amarela, que parou na defesa da Romênia, perdeu por 25 a 22 e foi eliminada mais cedo.

A derrota tirou o fôlego da seleção, que caiu antes do que previa após uma primeira fase emocionante. As explicações para o revés são variadas. Cada um dos personagens do jogo viu problemas em um ponto específico e creditou a isso a atuação ruim do Brasil.

Por isso, o UOL Esporte lista todas as explicações e mostra como cada um desses itens pesou na derrota do Brasil:

Competitividade do Mundial

É quase um clichê entre atletas, treinadores e mídia especializada: o handebol feminino está muito acirrado e o status de favorito que é dado a times como o Brasil pode ser ilusório. Foi esse, a todo momento, o discurso do técnico Morten Soubak e da seleção brasileira na Dinamarca. E a algoz do Brasil reforça essa tese.

A Romênia derrubou o invicto Brasil depois de ter perdido três vezes na primeira fase – para Rússia, Noruega e Espanha. “Elas fizeram o melhor jogo delas no Mundial. O time de hoje [domingo] é outro em relação ao da primeira fase”, disse Morten após a derrota.

A seleção romena é uma força intermediária no Velho Continente e só uma vez nos últimos dez anos chegou ao pódio do Europeu. Ainda assim, tem Cristina Neagu, melhor do mundo em 2010, e a goleira Paula Ungureanu, uma das melhores do planeta e melhor em quadra na eliminação do Brasil.

Embora tenha eliminado as atuais campeãs do mundo, a Romênia seguirá no Mundial como zebra. A rival das quartas, Dinamarca, além de Noruega, Montenegro e Rússia estão em um patamar acima de favoritismo, seguidas de perto por Espanha, França e Holanda, todas acima do país do Leste Europeu.

Vibração e ambiente

O Brasil é conhecido pela entrega em quadra e se orgulha da determinação que costuma mostrar, especialmente em jogos decisivos. No jogo da eliminação, porém, foi a Romênia quem mostrou essa raça, empurrada por uma torcida barulhenta que transformou o clima do ginásio de Kolding, no interior da Dinamarca.

“Não quero falar de tática aqui. Antes do jogo nós falamos que precisávamos colocar toda nossa força, todo o nosso coração em quadra para vencer. E foi o que fizemos. Jogamos com tudo isso e por isso ganhamos”, explicou a romena Eliza Buceschi na coletiva de imprensa.

Do outro lado, ao contrário, as brasileiras admitiram que o empenho que sobrou nas reações contra Coreia do Sul e França, na primeira fase, não apareceram nas oitavas. “Nós temos de vibrar mais”, definiu Duda Amorim, principal jogadora do Brasil em quadra.

Falhas de finalização

A defesa da Romênia, com intensidade e marcação individual nas melhores atletas do Brasil, atrapalhou muito o sistema ofensivo verde-amarelo. Quando esteve cara a cara com a goleira rival, porém, a seleção falhou. No total, o time desperdiçou três cobranças de sete metros desperdiçadas e sete bolas de frente na beira da área rival, números que por si só já explicam a diferença final de três gols no placar.

“Era muito difícil criar uma situação para que a gente pudesse arremessar livre, mas quando a gente consegue precisa fazer. Teve bastante chute livre. Temos de ter um aproveitamento melhor”, disse Morten Soubak.

No primeiro tempo, momento mais crítico do Brasil no jogo, a seleção fez só oito gols. No segundo, quase dobraria a marca para 14. A diferença foi uma participação maior de Duda, que passou a arriscar de longe e fez todos os seus quatro gols no jogo durante a etapa final.

Defesa sem a mesma intensidade

Embora não tenha jogado a primeira fase tão bem, o Brasil se escorou na qualidade da sua defesa para vencer a chave contra Coreia do Sul, Alemanha e França. Contra a Romênia, porém, a marcação dura que é uma característica das atuais campeãs mundiais não foi vista com a mesma intensidade.

“Nossa força é na defesa. Nós não somos as melhores no ataque, mas somos a melhor defesa do mundo”, disse Duda. “Deixamos elas controlarem o jogo demais. Hoje cometemos erros e em uma competição desse nível a gente paga caro”, completou a capitã Dara.

O mau desempenho se reflete nos números das goleiras, destaques do Brasil na primeira fase. A titular Babi, que fechou os cinco primeiros jogos com 37% de aproveitamento nos arremessos, conseguiu pegar só 9% das bolas romenas que foram em sua direção. Maysa, com 33%, ainda foi um pouco melhor, mas ainda assim abaixo da sua média de 39% até então.

Mau desempenho com uma a menos

No dinamismo do handebol, jogar com um a menos em quadra faz parte, já que as exclusões de dois minutos são bastante comuns. Contra a Romênia, o Brasil não soube aproveitar os momentos em que teve a vantagem e, principalmente, sofreu além da conta quando foi sua vez de perder uma atleta.

“Nós começamos o segundo tempo com cinco gols atrás, fizemos uma marcação especial e encostamos. Aí a Deonise levou dois minutos e elas voltaram a abrir cinco. Quando chegamos a um gol de novo foi o lance da Dani. E de novo elas abriram. Foram dois momentos cruciais. Precisamos melhorar em situações de cinco contra seis”, disse Morten Soubak.

No primeiro jogo do Mundial, contra a Coreia do Sul, as punições já haviam sido a dor de cabeça do dinamarquês. Na ocasião, o Brasil levou sete punições de dois minutos, passou 14 minutos com uma a menos e teve de se desdobrar para conseguir arrancar um empate das asiáticas.