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Por que a seletiva do taekwondo é a mais confusa do Brasil para a Rio-2016

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Iris Tang Sing é a única lutadora brasileira assegurada no taekwondo dos Jogos Olímpicos de 2016 imagem: Reprodução

Eduardo Ohata e Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

O Brasil já tem uma atleta classificada para o taekwondo das Olimpíadas de 2016 (Iris Tang Sing, 25, que compete na categoria até 49kg). A confederação nacional da modalidade (CBTKD) estipulou até o início de março um limite para preencher outras três vagas (duas no masculino e uma no feminino). No entanto, o processo de qualificação do esporte passa longe de estar definido. A oito meses dos Jogos do Rio de Janeiro, o taekwondo é responsável pela classificação mais confusa do país.

Iris conseguiu vaga por ter atingido o quarto lugar no ranking olímpico da WTF (federação mundial de taekwondo, na sigla em inglês). Os seis primeiros de cada gênero na classificação referente a dezembro de 2015 têm participação assegurada na Rio-2016.

Como sede dos Jogos, o Brasil tem direito a inscrever quatro atletas no taekwondo. Nenhum outro representante do país está entre os seis primeiros do mundo. Portanto, coube à CBTKD a indicação dos lutadores que ocuparão as vagas restantes.

A primeira categoria eleita pela confederação foi o pesado masculino (lutadores acima de 80kg). A CBTKD anunciou a escolha em abril, quando o lutador de MMA Anderson Silva enfrentava acusações de doping no UFC e flertava com a disputa da seletiva olímpica do taekwondo (ele tem 84kg).

“Por que minha categoria, dado o histórico em Pan e Olimpíada, não foi escolhida? Por que escolheram a categoria dos pesados no masculino, se fora o Anderson Silva não temos tantos atletas de nível nesse peso?”, questionou o lutador Diogo Silva, 33, que compete entre os lutadores de até 68kg. Dono de duas medalhas pan-americanas (Santo Domingo-2003 e Rio-2007), o lutador representou o Brasil em Londres-2012.

Em setembro, um colegiado montado pela CBTKD com técnicos, diretores e ex-atletas determinou as categorias em que o Brasil indicaria representantes para os Jogos de 2016 (no masculino, até 58kg e acima de 80kg; no feminino, até 49kg e até 57kg).

“Eu fiquei chateada. Achei que a medalha dos Jogos Pan-Americanos pudesse ser um ponto positivo ou algo para eu sair na frente”, lamentou Raphaella Galacho, 25, medalhista de bronze na categoria até 67kg dos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015. “Infelizmente, no taekwondo a gente não pode fazer nada. Não bastam apenas os resultados. Há outros critérios”, completou.

A partir disso, a CBTKD estruturou três seletivas. A primeira delas, um aberto, será realizada neste mês (entre os dias 11 e 13, em João Pessoa) e indicará um atleta de cada categoria. Eles vão se juntar aos dois primeiros do ranking nacional, ao titular da seleção no ano passado e a um quinto lutador escolhido pela confederação.

No início do ano, os cinco se enfrentarão num sistema de todos contra todos. Os dois primeiros colocados, além de um lutador novamente indicado pela CBTKD, participarão de uma terceira seletiva que também terá todos contra todos.

Mesmo com todo esse processo, a confederação se reserva o direito de não mandar para os Jogos Olímpicos o primeiro colocado das seletivas – a CBTKD pode substitui-lo pelo segundo ou pelo terceiro, por exemplo. Segundo a entidade, nem a realização das três etapas está confirmada – a terceira fase pode ser cancelada.

“Para participar da seletiva olímpica de taekwondo você paga R$ 250, um dos valores mais altos de inscrição e, mesmo se for o campeão, você não sabe se vai mesmo para a Olimpíada”, reclamou Diogo Silva. “Por que o taekwondo não faz como o judô e escala os primeiros do ranking mundial?”, questionou o lutador.

Confederação diz que atletas aprovaram modelo

Em nota publicada em seu site oficial, a CBTKD divulgou no dia 25 de novembro os critérios para seleção de atletas que representarão o Brasil na Rio-2016. Segundo Carlos Fernandes, presidente da entidade, não houve reclamações depois do anúncio.

“Acho que todo mundo concordou. Minha estratégia foi esperar a repercussão sobre o procedimento, e a maior prova de que foi justo é que eu não recebi reclamação”, disse o mandatário.

Fernandes explicou que o critério básico usado pelo colegiado foi eleger os pesos em que o Brasil tem mais chances na Rio-2016: “Eles tiveram total independência da confederação para tomar essa atitude. Foi uma coisa bem democrática. O colegiado foi composto através de atletas renomados, como a Natalia Falavigna e técnicos de nível olímpico”.

O presidente ainda negou que tenha fechado as portas da Rio-2016 para atletas com potencial. “Nada impede que os lutadores mudem de categoria. Eles podem descer ou subir”, finalizou.

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